17/09/2010 11:44
Dando continuidade ao processo formativo de jovens e mulheres AMAs, a Equipe Técnica da FASE responsável pela assessoria às comunidades do município de Ibirapitanga organizou um laboratório para jovens e mulheres agricultores familiares neste mês de setembro.
Ibirapitanga é um dos municípios do Território de Identidade do Médio Rio de Contas, região inserida no Bioma da Mata Atlântica, cuja economia foi dominada durante décadas pela monocultura do cacau, totalmente dependente de exportações. Mesmo com a predominância das grandes propriedades monocultoras, existem áreas onde a agricultura familiar conseguiu sobreviver e que vêm sendo alcançadas pela intervenção educativa da FASE e de seus parceiros como a FETRAF Bahia; o Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Ibirapitanga; e várias associações existentes nas comunidades onde vem sendo operacionalizado o Projeto AMAs II.
Agricultores familiares de Ibirapitanga, assim como praticamente todos os agricultores familiares da Bahia, dispõem de muito pouca terra para trabalhar e produzir. O minifúndio é um fato, e as famílias agricultoras têm sempre de buscar alternativas para se viabilizarem econômica e socialmente. No caso específico de Ibirapitanga, onde muitas propriedades familiares têm parte considerável de suas áreas já ocupadas pelas plantações de cacau, a FASE Bahia tem estimulado a busca de alternativas que diversifiquem a produção, enfatizando a segurança e a soberania alimentares. No caso concreto das áreas já ocupadas com cacau, que é uma lavoura perene, o foco da FASE tem sido buscar alternativas de produção que diminuam a dependência por insumos externos, favoreçam a transição agroecológica, e permitam o surgimento e consolidação de SAFs – Sistemas Agroflorestais. Ou seja, busca-se encontrar formas de continuar produzindo cacau, mas aproveitando a mesma área para introduzir outras espécies cultivadas, de preferência as que gerem maior valor e que possam abastecer mercados locais e regionais. Além de aumentar a biodiversidade da área, ampliam-se as possibilidades de obter alimentos e renda, consequentemente diminuindo a dependência gerada pelas oscilações nos preços e no volume da colheita de apenas um produto, no caso, o cacau.
Neste Laboratório, escolheu-se uma fazenda localizada às margens da rodovia BR 101, próximo de Itamarati que é um distrito de Ibirapitanga. Nesta propriedade se pratica a agricultura orgânica já há algum tempo, inclusive com a obtenção de certificação. Para o contexto dos jovens e mulheres AMAs que são agricultores familiares em propriedades muito menores, e que não utilizam trabalho assalariado, o importante foi conhecer métodos diferentes de cultivo do cacau que podem vir a ser adaptados para suas respectivas propriedades, como por exemplo, a adubação dos cacaueiros com caldas fertilizantes, produzidas com insumos locais e renováveis. Você pode ler mais informações sobre outros Laboratórios realizados pela FASE clicando aqui.