07/06/2010 23:08
Uma das preocupações da FASE na sua intervenção educativa com jovens e mulheres AMAs é a construção de conhecimentos em agroecologia, feita de maneira participativa, combinando teoria e prática.
Os conteúdos trabalhados nas Oficinas Modulares e Laboratórios são permanentemente submetidos ao crivo da experiência prática nas unidades familiares dos AMAs, seja durante as visitas de assessoria técnica, seja no acompanhamento prestado aos AMAs para a condução de seus núcleos produtivos. A FASE também estimula a transmissão e troca de conhecimentos entre os próprios agricultores, o que se dá nas visitas dos jovens e mulheres AMAs às 16 famílias que vivem e trabalham nas comunidades.
Dificuldades existem e vem sendo enfrentadas pela FASE e seus parceiros. Mas, é com muita satisfação que a FASE Bahia pode registrar experiências de sucesso, como é o caso da AMA Valdirene Silva Ramos Pinho, da comunidade de Ipoerinha, em Conceição do Coité. Este município fica no Território do Sisal, bioma da Caatinga, sendo, portanto, uma área do Semi-Árido nordestino.
A FASE adota a metodologia da convivência com o Semi-Árido que vem sendo formulada e experimentada por centenas de organizações populares, movimentos sociais, ONGs e centros de pesquisa, já há vários anos. Esta metodologia se contrapõe ao expediente retrógrado do “combate à seca”, estratégia utilizada por sucessivas administrações governamentais e que só faz aumentar a dependência e insegurança alimentar das famílias.
No caso da AMA Valdirene, cujo núcleo produtivo é de ovinocultura, a assessoria técnica da FASE estimulou o debate sobre a importância de se implantar um “banco de proteínas” para os pequenos animais, antes do recebimento das ovelhas e do material de construção da infra-estrutura. O “banco de proteínas” é o estabelecimento de uma área para plantio de espécies forrageiras, adaptadas ao Semi-Árido, capazes de produzir alimentos dentro da propriedade, em quantidade e em qualidade suficientes para assegurar o manejo correto dos animais, inclusive nos períodos de estiagem, que são a regra e não a exceção, na Caatinga. A FASE debateu também a necessidade da implantação do “banco de proteínas” antes da chegada dos animais, pois assim o ciclo de crescimento das plantas poderia se compatibilizar com a demanda dos animais.
A experiência da AMA Valdirene mostra para todos que quando se tem determinação não existem barreiras intransponíveis em nossa caminhada. A assessoria técnica, juntamente com a AMA Valdirene fizeram o diagnóstico correto da propriedade, identificaram a área ideal e implantaram o “banco de proteínas” com capim elefante que vem produzindo grande quantidade de massa verde para a alimentação das ovelhas.No período de estiagem do ano passado, esta área pôde sustentar por três meses 27 vacas de leite de duas famílias do projeto, além das 11 ovelhas que Valdirene recebeu do projeto. Todos esses animais não consumiram nem a metade da massa verde produzida na área plantada.
Valdirene aumentou seu plantel, passando das 11 ovelhas que recebeu do projeto para as 20 cabeças que têm hoje. Para dar ainda mais segurança e autonomia ao seu núcleo produtivo, Valdirene também plantou 2 tarefas (0,5 ha.) de palma que ainda não precisou usar.