05/10/2010 12:38
Durante o mês de setembro, as técnicas agropecuárias e a técnica em ciências sociais da FASE Bahia realizaram extensa programação nas 30 comunidades alcançadas pelo Projeto “Organização e Apoio a Grupos Produtivos de Agricultoras Familiares Território do Baixo Sul – Bahia”. Este novo ciclo de visitas teve seus conteúdos definidos durante a II Oficina cujos detalhes você pode conhecer clicando aqui.
As prioridades são a assessoria técnica às 30 mulheres multiplicadoras, para que desenvolvam atividades produtivas que fortaleçam sua segurança alimentar e nutricional (SAN); permitam a construção de conhecimentos que favoreçam a transição agroecológica; e criem condições mais propícias ao entendimento e disputa por políticas públicas de interesse da Agricultura Familiar, principalmente aquelas relacionadas a direitos, e à geração de trabalho e renda. Como cada liderança feminina está ligada à formação e atuação de um grupo de mulheres em sua comunidade, estas ações de assessoria técnica também beneficiam outras mulheres agricultoras que eventualmente se organizam para implementar atividades produtivas conjuntas.
A estratégia da FASE Bahia tem sido a de apoiar e estimular cada multiplicadora na implantação de sua horta familiar, se possível conjugada com uma “farmácia viva” ou horta medicinal. Mais interessante ainda é a situação que já começa a acontecer em várias comunidades, onde grupos de mulheres debatem, definem, e passam a implementar iniciativas coletivas de produção, como hortas, plantios de gêneros alimentícios (feijão, mandioca, tomate, pimentão), pomares e viveiros, criação de galinhas. Desta maneira, a assessoria técnica disponibilizada pela FASE vai se socializando, alcançando um número crescente de mulheres e famílias agricultoras. A experiência de produzir coletivamente, serve também como catalisador do processo de constituição e fortalecimento do próprio grupo de mulheres da comunidade que passa a se encontrar periodicamente, independentemente da presença das técnicas da FASE.
Alguns procedimentos trabalhados pela assessoria técnica prestada pela FASE, nas propriedades das multiplicadoras, são rapidamente experimentados por outras mulheres da comunidade, como é o caso da elaboração de compostagem para adubação orgânica das hortas e pomares, utilizando-se resíduos naturais existentes nas propriedades como fonte de nutrientes e de biomassa. A seleção de locais para instalação das hortas, bem como os procedimentos necessários para a demarcação e construção das leiras ou canteiros também é trabalhada. Sementes de variedades adaptadas ao bioma da Mata Atlântica são distribuídas e se discutem alternativas de irrigação mais apropriadas à condição das mulheres agricultoras e suas áreas.
Nas visitas de assessoria técnica da FASE, também se fazem reuniões para dialogar sobre o processo deformação e atuação dos grupos de mulheres na comunidade. É nestes espaços que se debatem temas como o enfrentamento da violência cometida contra mulheres; e quais as alternativas para elevação da auto estima das mulheres agricultoras. A FASE utiliza vários recursos didáticos, como a exibição de filmes seguida de debates e relato de experiências.
O processo de luta para a conquista da Lei Maria da Penha, e a experiência organizativa das mulheres quebradeiras de coco babaçu do Maranhão, são exemplos utilizados com apoio didático dos filmes, e que vêm contribuindo para estimular as mulheres agricultoras de Presidente Tancredo Neves, Teolândia, e Valença,
envolvidas nesta iniciativa da FASE Bahia, a se organizarem em grupos.
As vistas de assessoria técnica às comunidades são momentos ainda para se trabalhar o que fazer para promover a inclusão social e econômica das mulheres. A depender da demanda de cada grupo e comunidade, foram feitas atividades relacionadas à alimentação alternativa, com preparo de refeições utilizando-se alimentos normalmente desperdiçados ou rejeitados.