22/04/2021 16:14

Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil (21/07/2014)

Em sua participação na abertura da Cúpula de Líderes sobre o Clima, nesta quinta-feira, Bolsonaro voltou a utilizar os mesmos argumentos que constam na carta enviada ao presidente dos EUA, Joe Biden, sobre a posição do Brasil no ranking de países poluentes. Ignorou os números recordes de queimadas e desmatamentos na Amazônia, se comprometeu com a neutralização das emissões de carbono até 2050 e, dando a entender que as medidas protetivas ao meio-ambiente estão caminhando, foca no pedido de mais recursos estrageiros para o Brasil. De pires na mão, o presidente aposta em um discurso descolado da realidade para garantir o retorno dos investimentos em programas de proteção das florestas brasileiras.

Mas para Maureen Santos, coordenadora do Grupo Nacional de Assessoria (GNA), o ponto que chama atenção do discurso de Bolsonaro na Cúpula do Clima é quando ele cita a COP 26 e a junção dos artigos 5 (florestas) e 6 (mercado) do Acordo de Paris.

“O que isso quer dizer? O principal foco da Conferência das Partes 26 de clima, que será realizada em novembro desse ano, é se chegar em um consenso sobre as regras de implementação do Artigo 6. Isso diz respeito aos instrumentos de mercado, incluindo principalmente o mercado de carbono regulado, como forma de flexibilizar as metas voluntárias apresentadas (chamadas de NDCs) e compensar as emissões de gases de efeito estufa”.

Maureen explica que, quando Bolsonaro junta os dois artigos como se fosse uma discussão só, ele está oferencendo as florestas como forma de compensar emissões e ser incluídas nesse mercado de carbono.

“Essa posição muda completamente a posição histórica brasileira nas negociações climáticas, pois o Brasil sempre foi contrário a essa proposta, já que por diversas razões que incluem soberania, complexidade desses processos ao equiparar emissões de CO2 florestais com emissões fósseis, entre outros, acha um risco para o equilíbrio do sistema climático e para a integridade ambiental”.