Paula Schitine
14/08/2023 08:00

A Marcha das Margaridas acontece a cada quatro anos. Nos dias 15 e 16 de agosto de 2023, em Brasília/DF, acontecerá a 7ª Marcha das Margaridas e a previsão é reunir mais de 100 mil mulheres do campo, da floresta, das águas e das cidades. A maior ação política de mulheres da América Latina também reunirá mulheres de outros países.

Marcha das Margaridas 2019. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Marcha das Margaridas é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), pelas Federações e Sindicatos filiados e por 16 organizações parceiras. A 7ª Marcha das Margaridas tem como lema “Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver” e conta com o patrocínio da CAIXA, do Conselho Nacional do SESI, do SEBRAE e do Governo Federal.

Margaridas de todos os estados brasileiros estão se organizando e se preparando para esse grande momento. As Margaridas de outros países também estarão aqui para conhecer essa grande ação e a fortalecer a nossa luta, que é comum em todo o planeta. São quatro anos de construção coletiva, de formação, de caravanas, de audiências públicas e de construção de propostas para coroar com a nossa grande marcha em Brasília”, enfatizou a secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Mazé Morais.

A Marcha das Margaridas não se resume à grande marcha rumo à Esplanada dos Ministérios. As mulheres reuniram os seus anseios, seus quereres e prioridades num documento organizado em 13 eixos políticos. A Pauta da Marcha das Margaridas foi entregue ao governo federal, durante evento com a participação de 13 ministras e ministros de Estado, no Palácio do Planalto, no dia 21 de junho. No mesmo dia foi entregue a Pauta voltada ao Legislativo para o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira.

A 7ª Marcha das Margaridas também contará com diversas atividades simultâneas, com oficinas, debates, rodas de conversa, exibição de vídeos, práticas integrativas e complementares em saúde, apresentações culturais, plenárias, entre outras. A abertura política será no dia 15, às 17 horas, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília.

Participação ampla e ativa da FASE

As mulheres da FASE participam de diversas atividades na programação oficial e ainda integram diversas redes que reforçam os propósitos e lideram caravana rumo à Brasília em Mato Grosso, Bahia e Pará.

A Marcha é dividida em 13 temas eixo e painéis temáticos.  A assessora da FASE, Maria Emília Pacheco, participa como palestrante no painel temático 4, “Soberania alimentar e agroecologia como o caminho para a superação da fome”, às 10h no Palco Central.  O objetivo desta mesa é refletir sobre a articulação entre soberania alimentar, agroecologia e superação da fome, numa perspectiva feminista e antirracista, apontando para os grandes desafios de (re)construir um Brasil sem fome com soberania e segurança alimentar e nutricional.

Ainda pela manhã acontece a Plenária dos Povos “Mulheres da Amazônia pela justiça socioambiental e pelo Bem Viver”, em que participa como painelista a educadora da FASE Amazônia,  Jaqueline Santos. Aqui o tema central é organizar as diversas formas de resistência das mulheres camponesas, indígenas, quilombolas, negras, populares, das águas, das florestas e das cidades, mulheres trans e lésbicas enquanto força de resistência em defesa da vida.

Ainda no dia 15 de tarde, acontece a oficina temática “O que é ser negra no Brasil: expressões do racismo e desigualdades étnico-raciais”, com a mediação da educadora da FASE Mato Grosso, Fran Paula.  A mesa vai refletir sobre o “racismo”, “preconceito e discriminação racial” e “racismo estrutural” com utilização de recursos pedagógicos para proporcionar às mulheres reflexões sobre a prática de racismo no seu cotidiano e experiências pessoais nas quais o racismo se manifesta.

E por fim, acontece o painel temático “Mudanças climáticas e políticas públicas: como promover a justiça ambiental?” com a participação de Maureen SAntos, coordenadora do Grupo Nacional de Assessoria da FASE.  Os palestrantes debatem sobre a relação entre justiça ambiental e climática e de populações frente às injustiças ambientais e aos processos de mercantilização da natureza. (Confira aqui a programação completa da Marcha das Margaridas).

Saiba mais sobre a Marcha das Margaridas

A Marcha tem como força inspiradora a luta de Margarida Maria Alves, uma mulher trabalhadora rural nordestina e líder sindical, que rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou, por 12 anos, a Presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.

Por lutar pelo direito à terra, pela reforma agrária, por educação, por igualdade e por defender direitos trabalhistas e vida digna para trabalhadoras e trabalhadores rurais, Margarida Alves foi cruelmente assassinada na porta da sua casa, no dia 12 de agosto de 1983.

Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas. É em nome dessa luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do País marcham em Brasília, num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade.

“De Margarida nos tornamos sementes. Em agosto, vamos realizar a 7ª Marcha das Margaridas”, anunciou Mazé Morais, que disse ainda que, nesse ano, são 23 anos de realização da Marcha e 40 anos do assassinato de Margarida Alves. “Nós nos guiamos pelos princípios do feminismo anticapitalista, antirracista e antipatriarcal. Um feminismo que valoriza a vida, vinculado à defesa da agroecologia, dos territórios, dos bens comuns e da soberania e autodeterminação dos povos”.

Fonte: Assessoria de Comunicação da CONTAG – Verônica Tozzi

*Comunicadora da FASE