27/08/2012 14:29
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Que razões levariam o Brasil – maior produtor mundial de cana-de-açúcar, matéria prima do etanol, e segundo maior produtor da soja, utilizada na composição do biodiesel – a investir em plantações em outros países?
Para Sérgio Schlesinger, que realizou o estudo Cooperação e Investimentos Internacionais do Brasil: a internacionalização do etanol e do biodiesel, para o Núcleo Justiça Ambiental e Direitos da FASE, o estímulo do governo brasileiro à produção de etanol e biodiesel em outros países e regiões tem por objetivo “assegurar aos países importadores alternativas aos produtos brasileiros, desfazendo a hipótese de que possa vir a se formar um novo cartel de países produtores de combustíveis e, assim, viabilizando o reconhecimento do etanol e do biodiesel como commodities internacionais”.
Os dados surpreendem, por exemplo, ao mostrar que é pequeno o número de empresas brasileiras potencialmente beneficiárias na produção de etanol na África. As maiores interessadas, escreve Schlesinger, seriam transnacionais que operam também no Brasil e cuja participação não se dá, necessariamente, a partir de suas filiais aqui instaladas. Conclusão: o Brasil seria correia de transmissão aos interesses destas empresas em outros países do Sul.
O livro apresenta um mapeamento de ações do Governo Federal e da Petrobras Biocombustíveis que mostra interesses, intenções e estratégias brasileiras no crescente papel de cooperação e investimentos internacionais no que diz respeito à produção desses combustíveis em áreas da América Latina e da África.
A preferência pelos países africanos estaria relacionada, segundo o estudo, à disponibilidade de terras gratuitas ou arrendadas a preços simbólicos, “assim como à baixa organização social, refletida em ausência de legislação adequada para enfrentar a ocupação das terras pela monocultura”. Para o autor, os investimentos em Moçambique são emblemáticos. O Brasil exporta para aquela nação políticas públicas de combate à fome e apoio à agricultura familiar assim como o modelo de agricultura que ocupa mais de dois terços do Cerrado. Assim, o estudo prevê “consequências sociais e ambientais bastante conhecidas no Brasil” referindo-se a replicação, nas Savanas Africanas, dos danos causados pelo monocultivo ao Cerrado brasileiro.
Saiba mais lendo o estudo completo a seguir (in English below):
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