Marina Malheiro
20/12/2023 18:00
Na entrevista à TV PUC-RJ, a coordenadora do NuPA (Núcleo de Alternativas e Políticas) da FASE, Maureen Santos, que esteve presente em Dubai, na COP28, falou sobre as percepções que teve ao participar da 28ª Conferência das Partes. E ela ressalta pontos interessantes sobre o documento final da COP28 – a Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas, onde apresenta suas conclusões sobre o documento que não indica direções eficazes para a transição energética sem carbono.
Apesar disso, Maureen Santos acredita que a COP28 avançou em alguns aspectos referentes à transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis. “Pela primeira vez, deram dados concretos no texto final, não só a menção que coloca a transição dos combustíveis fósseis quanto traz compromissos efetivos em relação à questão de energia renovável, eficiência energética com um prazo e com valores. Por exemplo, três vezes mais energia renovável até 2030”, avalia. “Porém, isso tudo é um acordo, e precisa se pensar como ele será implementado” , pondera a coordenadora.
Identificando os principais obstáculos socioeconômicos e principalmente geopolíticos para alcançar os objetivos mais ousados em termos de sustentabilidade e controle do aquecimento global, Maureen Santos aponta o crescimento da COP como algo positivo, porém também acredita que isso pode dificultar algumas transações.
“Ainda que tenham coisas positivas, de resultados finais, sempre vão estar muito atrás do que nós necessitamos, porque esse consenso global é muito difícil de ser alcançado. E sempre os países do Norte, que são os mais importantes, pois são os responsáveis, eles não tomam a dianteira de dar esse passo além na questão do financiamento, e também no dever de casa, ou seja, cortar suas próprias emissões.” criticou.
E ela ainda faz uma análise ainda mais dura sobre as falsas soluções baseadas na natureza. “Então, essas soluções que estão sendo colocadas, elas são assustadoras, porque elas estão evitando que eles (países do norte global) tomem decisões reais e concretas para o enfrentamento do problema agora, e acabaram jogando essas decisões para o futuro”, analisa.
E para finalizar, a coordenadora, falou sobre a entrega do documento de Lançamento da Cúpula dos Povos rumo à COP30, em 2025 no Brasil, ao Presidente Lula, e explica qual o seu objetivo.
“Reunimos 40 movimentos sociais e sindicais, organizações regionais da Amazônia, grupo de mulheres, populações tradicionais e indígenas, e juntos elaboramos um pontapé para a COP30. Então, essa reunião com o Presidente Lula foi para discutir com a sociedade civil sobre o evento e dizer a ele: a sociedade civil brasileira já começou a se organizar para uma Cúpula dos Povos, paralela e autônoma nesse processo”, conclui Maureen.
Assista à entrevista completa no youtube da TV PUC-RJ, link disponível aqui!
*Estagiária da Comunicação, sob supervisão de Paula Schitine