09/04/2013 14:01
Por Clara Cavalcante, assessora de comunicação da Diaconia
Auditores da Presidência da República aportaram em Pernambuco para uma série de encontros com o Comitê Popular da Copa do Mundo de 2014 no Estado nesta segunda-feira, dia 8 de abril. Em três momentos distintos, o grupo formado por mais de 30 organizações e movimentos sociais, entre eles o Fórum de Reforma Urbana e as ONGs Fase e Diaconia – colocará em evidência os impactos já decorrentes da realização do megaevento esportivo em São Lourenço da Mata, no que se refere à violação de direitos da população.
O primeiro encontro, na sede da FASE Pernambuco, no bairro do Derby, será dedicado a apresentação das ações desenvolvidas pelo Comitê Popular. A reunião contará com relatos de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e de moradores das áreas afetada pelas obras da Copa, como as comunidades Cosme e Damião, em Camaragibe, e Rivaldo Ferreiras, em São Lourenço da Mata, alvos de desapropriações para execução das obras do Ramal Cidade da Copa.
Na avaliação do Comitê, apesar da Lei de Acesso à Informação, o Portal da Transparência não tem repassado dados sobre os recursos gastos e a quantidade de famílias desapropriadas em função das obras de mobilidade urbana. “Os valores pagos pelas desapropriações também estão abaixo do preço de mercado. Além disso, as famílias não recebem nenhum indicativo de onde poderão comprar ou mesmo alugar uma casa. Como o tempo entre o anúncio do valor que irão receber e a desocupação o imóvel é curto, geralmente os removidos são obrigados a ficar com parentes até conseguir uma casa, se é que irão conseguir. Falta diálogo por parte do Governo”, afirmou a coordenadora do Comitê, Dilce Feitosa.
Visitas
Na quarta-feira (10), o grupo de auditores conhecerá de perto a realidade de cinco comunidades de Camaragibe (São Francisco, Delmiro Golveia, Cosme e Damião) e São Lourenço da Mata (Rivaldo Ferreira), afetadas pelas desapropriações. Na sexta-feira (12), o Comitê Popular finaliza a agenda de encontros com a entrega de um “dossiê”, contendo os principais impactos provocados até o momento pela competição. A expectativa do grupo é que o documento dê visibilidade aos problemas e resulte em providências pelo Governo.
Comitê
Criado em 2011, o Comitê Popular trabalha no monitoramento das ações da Copa para garantir que direitos básicos da população, como moradia, não sejam violados. Ele é composto por forças sociais de peso no Estado, a exemplo do Fórum de Reforma Urbana, do movimento de direitos humanos, das organizações de combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, do movimento sindical e popular, de organizações e serviços ecumênicos e religiosos, de movimentos feministas, ONGs, universidades, dentre outros.