Maria Rita
07/06/2024 13:22

Na última semana de maio aconteceu a segunda e última etapa do encontro “Muxirum Jovem”, projeto formulado pela juventude rural da região de Cáceres, Baixada Cuiabana e Chapada dos Guimarães e apoiado pela FASE Mato Grosso. No Muxirum Jovem, cada “comunidade anfitriã” recebeu aproximadamente 30 jovens para três dias de formação sobre agroecologia, sucessão rural, resgate das tradições, sistemas alimentares e antirracismo, entre outros, intercaladas com momentos de descontração, lazer e rodas de conversa.

 

O último encontro aconteceu na comunidade da Pedra Preta, em Chapada dos Guimarães(MT), na qual vive o jovem anfitrião Wender Carvalho, presidente da Associação de Moradores Pequenos Produtores Rurais de Pedra Preta – AMPRETA. A proposta da realização do mutirão durante os encontros surgiu justamente a partir do compartilhamento da vivência do Wender em sua comunidade: cada vez menos realizado, o “muxirum” é um momento em que todos se juntam para realização de um trabalho coletivo e importante para uma ou mais famílias. Trata-se de uma manhã de esforço e aprendizagem, seguida por um almoço coletivo e apresentações culturais. No caso da segunda edição do Muxirum, o trabalho foi o de cobrir a roça de mandioca (cultura agrícola muito cultivada na região) com palha, prática agroecológica que conserva a água no solo, alimenta os microrganismos existentes no mesmo, diminui a compactação do solo, entre outros benefícios. 

O resgate dessa tradição, assim como a apresentação cultural do grupo de siriri “Águas do Cachua” e a demonstração da fabricação das panelas de barro pela agricultora Juvelina, animaram as juventudes locais e as visitantes a refletirem sobre a importância da manutenção de alguns costumes relacionados ao modo de vida comunitário que preza pelo bem viver e pelo tempo da natureza. Os jovens também puderam aprender e discutir sobre Sistemas Alimentares e Antirracismo (foco do edital da CESE no qual foram contemplados) durante a oficina ministrada pela estudante Alessandra Melyssa. 

A formação de lideranças com capacidade de articulação, fortalecimento da rede, o empoderamento da juventude rural e a criação de espaços de geração de renda no próprio território são ações prioritárias para diminuir a evasão rural e propagar a prática agroecológica como principal caminho para o enfrentamento da crise climática e da injustiça ambiental. A participação de diversos movimentos e organizações da sociedade civil, em sua maioria coordenadas pelas próprias juventudes, foi imprescindível para o sucesso da ação. A jovem e agricultora Beatriz Silva, que vive no Assentamento Roseli Nunes, comentou sobre sua participação como parte da equipe coordenadora: “A coordenação do projeto e gerenciamento dele está sendo realizada com a maioria sendo mulheres. Isso nos faz nos sentir mais capazes e empoderadas de estar presente também na liderança e coordenação do projeto e contando também que os debates foram realizados por mulheres negras, periféricas e que fazem parte de movimentos sociais que defendem a juventude e a participação das mulheres em espaços importantes de discussões como esse”.

*Colaboradora da FASE Mato Grosso