Helio Uchoa e Suzana Devulsky
17/06/2024 16:59

Editada pela Fundação Rosa Luxemburgo em parceria com a Expressão Popular e com participação da FASE, o “Atlas dos Sistemas Alimentares do Cone Sul” foi lançado no dia 15 de junho. A publicação discute a crise alimentar em cinco países da América do Sul: Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

O Atlas traz diversos estudos e dados importantes sobre o desenvolvimento da alimentação no continente sul-americano e destaca a importância da soberania alimentar para controlar os índices de desigualdade nutricional. Além disso, a publicação apresenta soluções por meio de políticas públicas que contribuem para uma vida digna no campo e nas cidades.

A ex-presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA) e atual assessora do Núcleo de Políticas e Alternativas (NuPA) da FASE, Maria Emília Pacheco, contribuiu com a publicação. Sua reflexão parte do entrelaçamento dos processos de industrialização da agricultura e a introdução do mercado global como princípio ordenador da produção e comercialização agrícola, apontando como a reestruturação da indústria de processamento de grandes empresas prejudica a estabilização da agricultura camponesa e a qualidade dos produtos que estão diariamente na mesa dos sul-americanos.

“A mudança do significado da natureza seguiu seu curso, com a transformação recorrente da natureza em fonte de lucro na chamada nova economia. As formas de destruição e exploração da natureza e os recursos naturais (desmatamento, exploração mineral, grandes projetos, expansão dos monocultivos) passaram a caminhar junto com o objetivo das atividades econômicas, em nome da ‘conservação da natureza’ subordinada aos negócios como ativos e riscos”, comentou Maria Emília, importância da preservação da natureza.

Embora seja um continente que tem suas bases fortes na agricultura e pecuária. A assessora reforça que ainda não se tem interesse político de trazer a população alimentos de qualidade e que tenha bases de desenvolvimento, cultivo e colheita na agroecologia, além de diminuir o número de famintos.

“A incapacidade de o Cone Sul prover o povo com alimentos saudáveis não tem nada a ver com a falta de geração de riqueza. Tampouco a natureza é um entrave grave para a produção agrícola na região. O número de pessoas com insegurança alimentar grave ou moderada quase duplicou em menos de uma década na região: alcançou 92,7 milhões de pessoas no biênio 2020-2022; no período 2014-2016, eram cerca de 50 milhões”, reforça.

O Atlas dos Sistemas Alimentares do Cone Sul discute ainda as causas da crise alimentar na região, vinculando a fome ao sistema alimentar dominante nesses países que privilegia o agronegócio. Além do diagnóstico da situação, o livro apresenta práticas e alternativas que apontam para outras formas de uso da terra, de produção e circulação de alimentos, impulsionadas por um modelo baseado na agricultura camponesa e na economia popular.

Um dos destaques da obra são as ações de movimentos populares que, durante a pandemia, desenvolveram campanhas de solidariedade que contribuíram para alimentar a população principalmente nas grandes cidades, seja em distribuição de alimentos gratuitos ou nas cozinhas populares e solidárias.

A versão on-line para baixar  o PDF está disponível gratuitamente neste link: Atlas_da_fome-e.pdf (rosalux.org.br)

*Estagiário e comunicadora da FASE,