Laura Motta
27/06/2025 18:46

Na última semana, aconteceu a 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da ONU sobre o Clima (SB62), conhecida como Conferência de Bonn, realizada na cidade de Bonn, na Alemanha. Maureen Santos, coordenadora do Núcleo de Políticas e Alternativas da FASE (NUPA), esteve presente na conferência representando a Cúpula dos Povos Rumo à COP30.

A Conferência de Bonn reuniu as Partes do Acordo de Paris e da convenção de clima, organizações sociais e representantes de movimentos sociais de diferentes países no intuito de debater caminhos de enfrentamento à crise climática. Paralelamente, membros da Comissão Política da Cúpula dos Povos e representantes de redes e movimentos sociais iniciaram uma série de encontros com parceiros estratégicos internacionais.

Equipe representando movimentos sociais, incluindo a Cúpula dos Povos.

A conferência, que antecede a COP30, tem sido marcada por desafios e avanços nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas. Segundo Maureen, o início das atividades enfrentou atrasos de dois dias devido a tensões originadas de negociações mal encerradas na COP29, realizadas no ano passado em Baku, especialmente relativas a questões de financiamento e procedimentos formais que provocaram insatisfação no bloco do G77+China.

“Com a confirmação da agenda, as negociações começaram a avançar, com alguns pontos com rascunhos concluídos, em temas ligados à adaptação, transparência, transição justa, Global Stocktake, que é o balanço global da ONU para acompanhar e avaliar a implementação das metas do Acordo de Paris e novos compromissos necessários à médio prazo”, explica Maureen.

Ainda, outro ponto debatido nesta conferência em Bonn, foi a logística da realização da COP30, em Belém. Apesar de avanços na elaboração de soluções, como a criação de um aplicativo para facilitar hospedagens na capital, as preocupações relacionadas à segurança, transporte, alimentação e acomodação ainda permanecem sem solução definitiva.

Para a coordenadora, a esfera da participação social, o movimento da sociedade civil mantém-se ativo e presente. Diversas organizações e representantes de movimentos sociais, indígenas, quilombolas, de mulheres e de outros grupos tradicionais têm participado de atividades, debates e ações de mobilização durante esse processo. Entre elas, destaca-se a atuação da rede ambiental e de direitos humanos Demand Climate Justice, bem como a realização de espaços de discussão, conferências de imprensa e ações de articulação, como para o Dia de Mobilização Global que vem sendo organizado pela Cúpula dos Povos rumo à COP 30, marcado para 15 de novembro.

A FASE faz parte de redes globais que acompanham as negociações climáticas, como membro do Demand Climate Justice. Além disso, Maureen também marcou presença, representando a FASE, em side-events, conferências de imprensa e espaços de debates para mobilização e divulgação da Cúpula dos Povos.

Maureen Santos durante evento na Conferência de Bonn.

De acordo com Maureen, “a conferência foi um momento crucial para compreender melhor o panorama geral da negociação e fortalecer a articulação com atores que ainda não estavam envolvidos na Cúpula dos Povos, mas que demonstram interesse em participar do processo. Além disso, ela serviu para construir conjuntamente uma discussão sobre as convergências que estamos iniciando neste momento.”

Essa metodologia de encadeamento das posições políticas é uma estratégia central adotada pela Cúpula dos Povos ao longo de seu percurso, que se estende até novembro. Ela também funciona como uma síntese para pensar além da Cúpula, após a realização da COP30, refletindo sobre as lutas em comum, as resistências que vêm sendo construídas, e os processos futuros que ainda estão por vir.