13/10/2010 17:43

As mudanças climáticas que afetam o planeta se fazem sentir em desastres cada vez mais frequentes no Brasil e em outros países. Assolando sempre as populações mais pobres e fragilizadas, enchentes, secas, vendavais, tormentas, ondas de calor e outros tipos de reação climática extremada já se tornaram rotina. Em junho, Pernambuco e Alagoas vivenciaram uma fortíssima enchentes que deixou mortos e desabrigados. No começo do ano, o Rio de Janeiro foi vítima de uma tempestade que paralisou a cidade. Nas últimas semanas, é o estado do Amazonas que vive, como em 2005, uma seca que já deixou 25 municípios em estado de emergência.

Outras lembranças de catástrofes recentes, como as tempestades e vendavais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, poderiam fazer crescer a lista. Porém, o que é mais necessário agora é debater o prejuízo já feito ao clima pelo modelo de desenvolvimento, e forçar os agentes públicos e privados a promover mudanças. Em nome da sobrevivência das populações e da manutenção das condições de vida.

É o que começa a ser feito por organizações da sociedade civil em Pernambuco esta semana. Aproveitando que o dia 13 de outubro é o Dia Internacional de Redução de Riscos de Desastres, um grupo de ONGs está realizando o seminário “Mudanças Climáticas e Desastres no Nordeste: A experiência da sociedade civil e a resposta dos governos”. O evento conta com a participação da Fase, bem como da Diaconia, Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social, Oxfam GB, Save The Children e Visão Mundial.

Ali, estarão em discussão tanto os grandes eixos do debate climático quanto as medidas emergenciais que os governos locais têm que tomar para proteger suas populações. Por exemplo: em dezembro, governantes de todo o mundo estarão reunidos no México para mais uma rodada da Conferência da ONU sobre Mudanças no Clima, mas os resultados do plano internacional não são suficientes sem políticas de proteção e defesa civil bem estruturadas nas cidades e zonas rurais onde a população já sofre os efeitos extremos do aquecimento global.

O resultado da omissão em que até agora estamos no que se refere à defesa das populações é a morte de dezenas de pessoas nos desastres naturais (cuja causa não é nada natural). Cobrar uma resposta mais eficaz dos governos é fundamental, como nos ensina o ocorrido no nordeste brasileiro este ano. Dez anos antes, depois de uma grande enchente, organizações da sociedade civil apontaram diversas medidas que deveriam ser tomadas pelos governos para evitar novas catástrofes quando a chuva forte se repetisse. Nenhuma recomendação foi efetivada e, dez anos depois, a tragédia se repetiu.

É evidente que o panorama das mudanças climáticas está levando o mundo inteiro a repensar os modos de produzir e consumir, principalmente no que toca a uma nova ética do desenvolvimento econômico. Mas isso não pode servir de desculpa para não termos políticas públicas nos territórios a fim de evitar prejuízos com desastres cada vez mais previsíveis.

Clique aqui para ler o convite de divulgação do seminário