22/09/2010 18:26

Não basta um dia sem carro. Neste 22 de setembro, muitas cidades do mundo celebram o chamado Dia Mundial Sem Carro, que, por seu próprio título, assume que sem carro só se pode viver um dia. Organizações sociais que defendem e batalham por cidades sustentáveis criticam desde muito tempo a preferência política pelo automóvel individual como política de transporte e mobilidade urbana. É o caso, no Brasil, do Fórum Nacional de Reforma Urbana. Enquanto um dia sem carro é celebrado no mundo, por aqui é a hora da 9ª Jornada Nacional “Na Cidade, Sem Meu Carro”.

A concepção é completamente diferente. Trata-se de uma visão mais ampla a respeito da mobilidade das pessoas no espaço urbano compartilhado. São necessárias políticas que reformem e modifiquem a maneira de viver o trânsito em nossas cidades. Políticas capazes de fazer da rua um lugar prioritariamente da vida dos habitantes da cidade, e não dos carros. Que devolvam as calcadas aos pedestres e que garantam a segurança geral de quem precisa se locomover no espaço público todos os dias.

Sabemos que não há nada disso no Brasil de hoje. Nossas cidades então entregues à dominação do automóvel individual, e com apoio oficial de todas as esferas de poder. Em vez de políticas de ampliação da frota de carros, por que não políticas de barateamento, modernização ambiental e ampliação da frota de ônibus? Em vez de investimentos na abertura de ruas, túneis e viadutos para que mais carros possam ser comprados, por que não investimentos em ciclofaixas, em transporte público sobre trilhos e na criação de condições para o trânsito pedestre?

O modelo de cidade mercadoria, cidade espaço de consumo e cidade insustentável é o que vem deixando as ruas entupidas de carros e o ar das cidades cada vez mais poluído. É por isso que, neste Dia Mundial Sem Carro, no Brasil o Fórum Nacional de Reforma Urbana e o Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte lançaram um manifesto.