Célio Bermann, Chico Whitaker, Heitor Scalambrini Costa e Marijane Vieira Lisboa
01/10/2024 17:30

Os jornais vêm publicando reportagens sobre conflitos internos no governo Lula quanto à compra pela União das dívidas e custos da Eletronuclear, responsável pela usina Angra 3, em troca de
mais assentos nos conselhos de administração e fiscal da Eletrobras. Finalizar a obra, contudo, cria tantos problemas que até o presidente da Eletronuclear os reconhece em artigo publicado nesta Folha (“Quem vai pagar a conta de Angra 3?”, 11/9). De fato, a Eletrobras foi privatizada por Jair Bolsonaro de forma bastante desvantajosa para o país: a União continuou como acionista majoritária, com 43%, mas ficou com menos de 10% dos votos nos conselhos da empresa.

Agora, a Eletrobras propõe o aumento do número de conselheiros para que a União alcance os 30% dos votos. Em troca, a União pagaria R$ 6 bilhões pela parte da Eletronuclear na companhia,
mais R$ 6 bilhões de dívidas da própria Eletronuclear. E se quiser concluir Angra 3, tecnicamente defasada, ainda despenderá no mínimo mais R$ 26 bilhões. O mais estranho desse negócio da
China (para a Eletrobras, que fique claro!) é que a União abriu mão de um valor maior na venda da Eletrobras em troca de dividir com ela a Eletronuclear.

Não sabemos ao certo quem constitui o lobby no governo Lula pela compra desse abacaxi atômico pela União. Mas sabemos que o setor econômico do governo é contra, pois não vê sentido em adquirir a Eletronuclear, uma empresa com dívidas e passivos ambientais presentes e futuros. O que já dá para saber, pelos jornais, é que esse abacaxi está sendo empurrado para a União —ou seja, para todos nós

 

Leia o artigo completo no link : Angra 3, abacaxi atômico 

*Membros da AAB (Articulação Antinuclear Brasileira)