23/10/2020 11:41

Hellen Joplin¹

Todos os dias, o atual governo federal nos mostra que é profundamente comprometido com um projeto político voltado à destruição dos modos de vida dos povos da floresta. Com a flexibilização de leis, o desmonte de órgãos ambientais, a criminalização de ONGs, a falta de políticas públicas destinadas para povos Amazônidas, que ficou evidente e escancarada na pandemia do coronavírus, e a não demarcação de territórios tradicionais, nos faz perceber que o maior inimigo do Estado brasileiro é a floresta e a diversidade de culturas e de vidas que nela habitam.

O Brasil é responsável por 60% da maior floresta tropical do planeta. Lugar que possui as maiores bacias hidrográficas do mundo, a maior biodiversidade. Sem contar a sua imensa responsabilidade sobre manter o equilíbrio climático para as presentes e futuras gerações. Essa preciosidade, que preservada gera mais vantagens para os povos tradicionais e para o próprio país, está sob a tutela de um governo nenhum pouco interessado em proteger o que nos mantém vivos.

As ameaças vêm de todas as partes: madeireiras ilegais, garimpeiros que envenenam os rios com mercúrio, hidrelétricas que causam irreparáveis danos socioambientais e nem sequer geram energia para as populações diretamente afetadas; queimadas criminosas para a grilagem de terras e a expansão do agronegócio, dentre outras atrocidades que impactam diretamente na vida e na morte dos povos da floresta.

Não há futuro para nós se o Brasil entregar suas riquezas

Nossas riquezas estão na floresta e protegidas pelos povos que nela habitam. O nosso panorama nacional é grave. Prova disso é que, este ano, o Brasil atingiu a triste marca de, pela primeira vez na história, ter mais da metade do seu povo desempregado. Alcançando a vergonhosa marca de ter de novo seu nome estampado no Mapa da Fome.  Hoje, mais de 155 mil brasileiros e brasileiras já morreram por causa da Covid-19, o segundo país do mundo que mais registra óbitos e que segue não tendo sequer um plano estratégico de contenção e cuidado da doença. Não vamos esquecer isso.

A possibilidade de minimamente nos manter vivos e com alguma dignidade diante desse governo da morte, bate na nossa porta no próximo dia 15 de novembro. Precisamos de pessoas que acolham as nossas necessidades, que defendam a diversidade e a pluralidade social que o nosso país, especialmente a Amazônia, apresenta. Enfim, um país democrático e que combata firmemente as desigualdades sociais e promova o bem viver. Precisamos de quem defende o direito básico à vida. Essa será a nossa chance!

É preciso comunicar

O momento também é de agir. Diante de tanto descaso, vimos uma oportunidade de gerar uma reflexão sobre o que queremos para as próximas eleições. A partir de uma parceria entre o programa da FASE na Amazônia, Grupo Mãe Terra, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR) e a Federação das Associações de Moradores e Comunidades do Assentamento Agroextrativista da Gleba Lago Grand (FEAGLE), foram lançados cinco outdoors em Santarém, no Pará.

Com a mensagem “Não há futuro se o Brasil entregar as suas riquezas, e nossas riquezas estão na floresta, protegidas pelos povos que nela habitam. Nessas eleições, votem em quem defende a floresta em pé. Em quem defende o direito básico a vida”, as organizações chamam atenção para a importância do voto para a preservação e garantia da vida.

[1] Jornalista colaboradora do programa da FASE na Amazônia.