07/12/2022 18:13

 

 

*Paula Schitine e Júlia Motta

 

Entre os dias 17 e 20 de novembro, 35 mulheres agricultoras do Pará e  Mato Grosso – entre elas três indígenas – participaram do  intercâmbio de saberes no terceiro módulo de Formação Mulheres e Agroecologia.

No primeiro dia de atividades, as mulheres discutiram conjuntura política pós eleições com uma convidada do MST, Devanir Oliveira, que fez uma análise nacional e algumas lideranças do Mato Grosso falaram sobre

a realidade do estado e  as perspectivas para 2023.

O segundo dia foi dedicado a uma visita técnica onde as mulheres foram conhecer na prática sobre sistemas agroflorestais. Para isso, o encontro contou com a contribuição de Maria Rita, uma jovem que trabalha com sistema agroflorestais. “Quisemos unir a parte teórica e prática”, explica Cidinha Moura, coordenadora da FASE Mato Grosso. Á noite, houve uma confraternização e uma pequena feira com produtos que elas levaram para vendas e trocas.

O terceiro dia foi dedicado à visita ao Quilombo da Mutuca, na Baixada Cuiabana. Lá, elas conheceram a roça de uma das mulheres que produz banana, milho, mandioca. “A chamada roça de toco é uma roça praticada pelas mulheres quilombolas. Na volta, houve uma roda de conversa e a troca de sementes”, relembra a coordenadora. Uma momento de confraternização e união muito esperado por elas. “Desde o primeiro dia elas perguntavam sobre as sementes e queriam saber quem trouxe o quê. Foram trocadas sementes de milho, arroz, mudas de espécies frutíferas e nativas e manivas de mandioca, além de mudas que elas trouxeram de seus quintais”, lembra. Ela conta que as agricultoras da Amazônia levaram mudas de açaí e demonstraram na prática uma simulação de como se retira a fruta do pé.

O quarto dia de encontro foi dedicado ao encerramento das atividades c

om a dinâmica do “anjo”, que é uma espécie de amigo secreto que foi revelado na hora para que cada uma cuidasse de outra. “A atividade foi para marcar a importância de uma mulher cuidar da outra”, explica. “E aí, elas se abraçaram e trocaram poesia, finalizando o intercâmbio com um almoço”, completa Cidinha.

No dia 20 de novembro elas participaram de uma festa para celebrar o Dia da Consciência Negra no Quilombo do Chumbo. Lá, elas puderam desfrutar de comidas típicas e danças. E ouviram a história do quilombo

Miraci Pereira Alves.

Uma das participantes do Mato Grosso, Miraci Pereita da Silva, falou sobre a relevância desta formação. “Nós precisamos ter nossa mente aberta ao conhecimento, ao entendimento. E conhecimento a gente adquire não somente dentro de uma instituição, a gente também aprende em todos os momentos em que a gente tem a oportunidade de estar junto”, acredita. “Num curso, numa associação, em um encontro onde a gente conhece as pessoas, estamos sempre aprendendo. Isso em todos os pontos do conhecimento, seja na terra, na água, com o cuidado das sementes. Conhecimento é um processo”, afirma.

“Para nós foi uma emoção e uma sensação de que nosso trabalho está sendo importante para essas mulheres. Elas estavam muito animadas e esperançosas com a possibilidades de retomada de polícias públicas após a vitória de Lula e fazer essa conjuntura com elas foi muito significativo”, comemora. “Foi muito importante e simbólico contar com elas para fazer a nossa programação e muito rico entender a realidade das mulheres do Pará”, garante a coordenadora. “Para nós da FASE que trabalharmos na perspectiva da agroecologia é um momento de ver os a resultados da nossa atuação”, resume.

*Paula Schitine é jornalista e Júlia Motta, estagiária da comunicação da FASE.