16/01/2010 21:46

A Fase Amazônia e entidades parceiras vão realizar, em dezembro e em Belém do Pará, um seminário para discutir uma questão fundamental: como fazer frente à intensa expansão dos projetos de energia e mineração no território amazônico. Já é de conhecimento público o imenso impacto que grandes hidrelétricas já provocam ou vão provocar sobre cidades, comunidades tradicionais e floresta da região; bem como já são inegáveis os terríveis danos socioambientais provocados por mineradoras e suas enormes escavações a céu aberto. Por isso, a idéia deste seminário é traçar uma plataforma comum de resistência dos movimentos sociais a estes projetos. Ou seja, saber como as pessoas que têm suas vidas afetadas pela instalação de grandes projetos de desenvolvimento pretendem dizer e mostrar que suas vidas são mais importantes que o lucro das empresas.

É pensando nisto que a Fase Amazônia organiza este seminário em Belém ao lado do Movimento dos Atingidos por Barragens, o Fórum da Amazônia Oriental, o Movimento Xingu Vivo para Sempre e a organização alemã de cooperação Heinrich Böll. Estes são atores sociais que se destacam historicamente pela defesa iontransigente de um outro modelo de desenvolvimento para a região amazônica brasileira. Um modelo que não recuse as benesses da modernidade, mas que jamais use subterfúgios para superexplorar o meio ambiente exercendo pressões insuportáveis sobre gente comum cuja pretensão não é outra senão seguir vivendo onde e como já estão.

Daí que o “Seminário Energia e Sustentabilidade: estratégias dos movimentos sociais frente aos grandes projetos de produção de energia e mineral” reúna estes atores e estabeleça este marco de debate. A tendência de “ocupação” da Amazônia que o atual governo trouxe de volta (e que remonta aos anos de ditadura) se traduz na intenção de contruir, por exemplo, quatro hidrelétricas no rio Madeira, em Rondônia, e a tão rejeitada hidrelétrica de Belo Monte, em pleno rio Xingu, onde vivem milhares de indígenas. Para que tanta energia elétrica? Para quem tanta eletricidade? Certamente não é para ofertá-la a preços mais baixos para os consumidores, nem mesmo para democratizar os benefícios da energia para a vida cotidiana.

É evidente a razão de tantos investimentos em energia na Amazônia nestes últimos anos: trata-se de fornecer às empresas mineradoras energia a baixíssimo custo para que elas continuem superexplorando o solo amazônico a fim de exportar mais e mais minérios. Por isso o seminário relaciona as hidrelétricas à mineração. Este é um dos pilares do nefasto modelo de desenvolvimento brasileiro. Este mesmo que com sua roupagem tecnológica continua perpetrando as desigualdades e injustiças que fundaram o Brasil há cinco séculos.