12/11/2010 14:45

No próximo dia 17, mais um capítulo fundamental da histórica resistência quilombola da região norte do Espírito Santo vai se desenrolar. Acontecerá nesse dia, no município de Conceição da Barra, uma audiência pública convocada pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual, cujo objetivo é debater com a sociedade um relatório feito em 2009 a respeito das condições de insegurança alimentar daquelas populações tradicionais.

Os quilombolas do Sapê do Norte (como é conhecida aquela região do norte do ES) são sobreviventes de uma ocupação territorial desenfreada e insustentável por parte das monoculturas de eucalipto. Quem vai até aquela parte do Brasil percebe que a cobertura vegetal de Mata Atlântica foi substituída por talhões sem fim de eucalipto, uma árvore exótica para aquele bioma. Cultivado em larguíssima escala durante décadas, o eucaliptal industrial das empresas de celulose deixou castigado o meio ambiente. E expulsou grandes contingentes populaçionais que sempre habitaram a região.

É o caso das comunidades quilombolas. Muitos saíram dali em direção às cidades, principalmente Vitória, e tiveram destinos muitas vezes desprovidos de qualquer dignidade. Outros, porém, decidiram ficar, a despeito das más condições que o território hoje oferece para manter o roçado, a pesca, a caça e as tradições culturais. São sobreviventes, resistem à expansão do capital industrial transnacional sobre seu modo de vida e sua terra.

Mas é claro que as consequências se fazem sentir. Uma delas é a clara situação de insegurança alimentar que os atinge. E foi isto que ficou comprovado por autoridades públicas em abril de 2009, quando uma missão do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana esteve lá e verificou sua situação. O poder público ouviu as denúncias feitas por organizações sociais solidárias aos quilombolas, como a Fase Espírito Santo, e fez uma série de recomendações para que o Direito Humano à Alimentação Adequada daquelas comunidades fosse respeitado.

É disto que se vai tratar no próximo dia 17. Quem puder estar presente, deve ir. Quem não puder mas quer se inteirar do problema, pode ler o relatório feito pelos participantes da missão de abril de 2009 clicando aqui.