23/06/2010 15:20
Oitenta e três pessoas, representando dezenas de organizações populares, comunitárias, movimentos sociais e pastorais, ativos no campo e na cidade, estiveram reunidas em Feira de Santana, nos dias 11 e 12 de junho, para avançar no planejamento da Campanha “Pelo Limite da Propriedade da Terra”, e na preparação do Plebiscito Popular.
A FASE Bahia, juntamente com outras entidades da APP – Articulação em Políticas Públicas –, está plenamente engajada no comitê estadual que se criou na Bahia, composto pela Cáritas NE3; AATR – Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais –; CPT – Comissão Pastoral da Terra –; ASA – Ação Social Arquidiocesana de Salvador –; Consulta Popular; Jubileu Sul; SLS – Seminário Livre da Saúde –; MST; Assembléia Popular; CPP – Comissão Pastoral dos Pescadores – ; JACA – Juventude Ativista de Cajazeiras –; Quilombo do Orobu. Coletivamente, estas entidades se somaram para ampliar a participação no encontro que anualmente acontece na Bahia, em preparação ao Grito dos Excluídos que contou com apoio da Cáritas NE 3 e da CESE.
Na manhã do dia 11 foi feita uma exposição sobre a trajetória do Grito dos Excluídos que chega em 2010, à sua 16ª edição. Em seguida, Gilberto Portes, do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA) coordenou um debate sobre a realidade agrária brasileira, esclarecendo a concepção que orienta a realização da Campanha e a convocação do Plebiscito Popular. Nesta etapa dos trabalhos, as pessoas puderam trocar informações e construir conhecimentos sobre a história da propriedade da terra no Brasil, quais setores se beneficiaram e quem sempre foi excluído do acesso e uso deste bem comum que são as terras do Brasil. Em seguida, Frei Luciano, da CPT Bahia, complementou com dados específicos sobre a estrutura fundiária da Bahia e um pouco da história e das lutas travadas no Estado para se democratizar a posse e o uso da terra.
Na parte da tarde do mesmo dia, a AATR dialogou com os participantes sobre os aspectos jurídicos, éticos, econômicos e ambientais da propriedade da terra no Brasil, e de como a Campanha e o Plebisicito se justificam como oportunidades de esclarecer a população sobre a necessidade de mudanças na legislação, para democratizar a propriedade e mudar as características excludentes do atual modelo de desenvolvimento.
O FNRA fez mais uma intervenção para aprofundar o debate sobre os aspectos econômicos que a limitação da propriedade da terra vai trazer para o conjunto da população. No debate feito com as pessoas presentes, pode-se perceber também que a democratização da propriedade da terra é uma das maneiras mais eficazes de também se radicalizar a democracia no Brasil.
Uma animada “Noite Cultural” foi organizada pelos participantes, aproveitando-se o período junino.
Os trabalhos foram retomados na manhã do dia 12, com o resgate do dia anterior, feito pela FASE. Em seguida, os participantes foram divididos em grupos para estudar a cartilha elaborada pelo FNRA, identificando dúvidas e pontos para aprofundamento que foram devidamente esclarecidos em plenária. Todos puderam assistir ao vídeo sobre a Campanha, e novo trabalho em grupos foi organizado, com os participantes reunidos em grupos conforme as respectivas regiões geográficas para avançar no debate sobre os passos necessários à organização da Campanha e do Plebiscito aqui na Bahia. O planejamento feito pelos grupos orientou a distribuição do material disponível, com o objetivo de capilarizar ao máximo o acesso às cartilhas, panfletos, cartazes, e cópias de filme previamente obtidos pela Cáritas NE3.
O encontro encerrou-se com uma mística que reforçou a unidade campo e cidade e animou todas e todos a se dedicarem ainda mais na realização da Campanha e do Plebiscito.