Helio Uchôa
15/03/2024 11:33

No dia 11 de março, o Senado Federal realizou uma audiência pública que marcou o lançamento da Missão ‘Josué de Castro no combate à fome’. Em uma de suas falas, o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) e da mesa de debates, senador Paulo Paim (PT-RS), contou que a proposta tem a intenção de alimentar mais de 5 milhões de pessoas a partir de sistemas alimentares de base familiar, camponesa, agroecológica e solidária.

“Nesse espaço de debate homenageamos aqui Josué de Castro, um visionário que a vida foi dedicada à luta contra a fome e a defesa dos direitos humanos. Ele levantou a bandeira da justiça alimentar em um mundo em que a abundância coexiste com a carência”, homenageou Paim. 

A FASE, que durante toda sua história foi engajada nas políticas de segurança alimentar e acesso à qualidade de vida e comida digna na mesa de cada brasileiro, esteve presente na sessão, com a presença da assessora do Núcleo de Políticas e Afirmativas (NUPA) e ex-presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), Maria Emília Pacheco,  Ao encaminhar a fala o Senador parabenizou a organização e revelou que no final dos 1990 participou ativamente das ações sociais da organização na unidade que tínhamos em Porto Alegre/RS. 

“Tenho satisfação de dizer que a FASE, quando fui operário metalúrgico, em Porto Alegre, um dos meus primeiros cursos de formação política foi ministrado pela FASE. Eu ainda era aprendiz para ser candidato à presidência do sindicato dos metalúrgicos. Um abraço de carinho à FASE. Me fez voltar no tempo neste momento”, rememorou Paim. 

Em sua fala, Maria Emília Pacheco defendeu a importância da Missão Josué de Castro no combate à insegurança alimentar imposta aos mais humildes de nosso país e felicitou a inclusão das famílias produtoras rurais na obtenção destes alimentos que serão levados à mesa de vários brasileiros. 

“A Missão Josué de Castro é inspirada pela leitura da complexidade e das interações que existem entre as crises, pois diz que a partir de sistemas alimentares de base familiar, camponesa, agroecológica, solidária. Baseada em princípios da reciprocidade e valorização dos circuitos de proximidade, que é um dos princípios da agroecologia. Nós não podemos enfrentar as mudanças, sem uma atenção contra o passeio dos alimentos por quilômetros e acentuar a importância da alimentação local”, pontuou Maria Emília. 

A Missão Josué de Castro

A missão foi anunciada por movimentos sociais em dezembro de 2023, durante a plenária de encerramento da 6ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar. A intenção da missão é garantir a segurança alimentar de 5 milhões de pessoas, a partir de sistemas alimentares de base familiar.  O intuito é a construção de infraestrutura produtiva, de processamento e integração logística; a transição energética; capacitação e inovação social e tecnológica; a elaboração e efetivação de uma estratégia de comunicação, cultura e arte; e a eficiência na gestão e governança.

Além da FASE, a Missão Josué de Castro é construída por diversas organizações: Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, Central dos Movimentos Populares (CMP), De Olho nos Ruralistas, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Federação Única dos Petroleiros e Petroleiras, Instituto Ibirapitanga, Instituto Clima e Sociedade (iCS), Joio e o Trigo, Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragens, Mídia Ninja, MPA, Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem-Teto (MTST), Pastorais Sociais, Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol).

A Missão homenageia Josué de Castro escritor, médico, geógrafo e cientista social, que nasceu em Recife em 1908 e ficou reconhecido por sua luta contra a fome, foi autor de mais de 30 obras, sendo ‘Geografia da Fome: A Fome no Brasil’, escrita em 1946, uma das mais destacadas. O livro apresenta um retrato trágico da situação da fome no país e suas raízes profundas. Em decorrência do seu trabalho, Castro foi embaixador na União das Nações Unidas (ONU).

*sob supervisão de Paula Schitine