11/11/2008 15:41
O financiamento e o modelo de desenvolvimento dos “Grandes” Projetos e os impactos sociais e ambientais trazidos por eles foram o foco dos debates e questionamentos do VII Encontro Anual da APP, realizado no último final de semana (07 a 09), em Feira de Santana. O Portal do Sertão reuniu cerca de 70 pessoas, oriundas de 28 municípios de todas as regiões da Bahia. Entre as mais de 40 entidades e movimentos sociais presentes estavam representantes de Comunidades de pescadores, quilombolas e indígenas, além de ambientalistas, jornalistas e educadores populares. Na perspectiva de trocar experiência e aprofundar a discussão sobre os projetos que estão sendo implementados na Bahia foi indicado para discussão seis eixos temáticos: agronegócio, hidronegócio, agroenergia, hidroenergia, infra-estrutura e mineração.
“Em declaração recente, o Governo da Bahia falou da celebração da festa da democracia. Se estão fazendo uma festa, não estamos sendo convidados, ou melhor, somos convidados pra votar, mas não pra opinar na definição das políticas e prioridades governamentais”, afirmou a Profª. Sara Côrtes, da Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia – AATR.
Sua palestra de abertura, juntamente com os Professores Luis Ferraro e Rosembergue Vilverde, ambos da UEFS, fez um panorama geral da necessidade de participação política em processos de controle social, além disso, destacou algumas prioridades e investimentos do governo para a expansão do capital. “Vejo um loteamento do Estado, no oeste o agronegócio e a agroenergia, no sul papel e celulose, a esperança do pré-sal… estão vendendo a Bahia como uma grande exportadora de commodities” explica Luiz Ferraro.
A implementação de mega-empreendimentos por governos e empresas vem ocasionando a emergência de conflitos em diversas regiões do Estado, como as polêmicas em torno da Ferrovia Oeste-Leste e do Porto Sul; a Transposição do Rio São Francisco; os vazamentos de urânio ocorridos na mineração em Caetité, a monocultura de eucalipto no extremo-sul e de soja e algodão no oeste, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, dentre outros. De acordo com o Profº Rosembergue, “Esses projetos utilizam extensiva capital e reduzida mão-de-obra, aumentando o desemprego. Metade da população não está capacitada para trabalhar com estes elementos tecnológicos dos grandes projetos”.
Na Assembléia realizada ao final do Encontro foi estabelecido as linhas de atuação da APP em 2009, e eleito o novo Núcleo Facilitador para o próximo ano.