24/05/2011 12:38

Maria do Espírito Santo da Silva e José Claudio Ribeiro da Silva, líderes do Projeto de Assentamento Agroextrativista (Paex) Praialta-Piranheira, foram assassinados na manhã desta terça-feira (24), a 50 km do município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará, na comunidade de Maçaranduba. Eles eram ameaçados desde 2008 e o início das intimidações coincide com denúncias realizadas contra madeireiros que constantemente entravam na PAEX pra extrair ilegalmente espécies madeireiras como castanheira, angelim e jatobá. Familiares conta que desconhecidos rondavam a casa do casal disparando tiros para o alto. Chegaram, inclusive, a alvejar animais da propriedade.
 
Para Atanagildo Matos, Diretor da Regional Belém do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), a morte de José Cláudio e Maria da Silva é uma perda irreparável. “Eles nos deixam uma lição, que é o ideal dos extrativistas da Amazônia: permitir que o ‘povo da floresta’ possa viver com qualidade, de forma sustentável com o meio ambiente”, diz Matos. “Já estamos em contato com o Ministério Público Federal, Polícia Federal e outras instituições. Apoiaremos fortemente as investigações, para que esse crime não fique impune”, afirma o Diretor do CNS.

O casal vivia há 24 anos em Nova Ipixuna e integrava o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes. Eles extraíam principalmente óleos de andiroba e castanha, além de outros produtos da floresta para sua subsistência. Segundo Clara Santos, sobrinha de José Cláudio, cerca de 80% dos 20 hectares da propriedade do casal era de área preservada.

O Paex Praialta Piranheira situa-se à margem do lago da hidrelétrica de Tucuruí. Foi criado em 1997 e possui atualmente uma área de 22 mil hectares, onde vivem aproximadamente 500 famílias. Além do óleos vegetais, o açaí e o cupuaçu, frutas típicas da região, garantem a renda de muitas famílias.
 
*Com informações de Tiago Araújo da Assessoria de Comunicação do CNS