25/04/2009 12:55

Aviario_Andreia_Acaras_IbirapitangaIbirapitanga e Teolândia são municípios típicos da região cacaueira da Bahia, onde há décadas se impõe a falsa idéia de que a monocultura do cacau é a única alternativa econômica possível.

A população de Ibirapitanga, de Teolândia, e de todo o Sul da Bahia vem pagando um alto preço por causa dessa obediência cega aos falsos conceitos de que o aumento na produção de cacau iria melhorar a qualidade de vida de todos. Durante alguns anos, quando os preços do cacau exportado estiveram excepcionalmente altos, fetivamente se verificaram momentos de aumento da renda regional, mas como a estrutura fundiária sempre foi muito concentrada, essa renda gerada pelas lavouras de cacau ficava também concentrada nas mãos e nos bolsos dos grandes proprietários de terra.

Quem produzia mesmo o cacau eram dezenas de milhares de trabalhadores rurais assalariados, a grande maioria deles submetidos a relações de trabalho precarizadas, em que os grandes fazendeiros desrespeitavam continuamente a legislação e os direitos trabalhistas. Com a queda dos preços do cacau nos mercados internacionais, o fim do crédito rural subsidiado, e a infestação da doença conhecida como “vassoura de bruxa”, a produção de cacau de Ibirapitanga, de Teolândia, e de todo o Sul da Bahia diminuiu drasticamente, lançando milhares de assalariados rurais ao desemprego, e aumentando ainda mais a miséria vigente na região.

Muitos ex-assalariados entraram nas lutas por reforma agrária e conquistaram dezenas de assentamentos na região, enquanto que milhares de outras pessoas passaram a trabalhar como agricultores familiares, em lotes de terra que ainda não tinham sido incorporados ao patrimônio fundiário dos grandes proprietários. Essas aglomerações de agricultores familiares sobreviveram porque suas terras eram de pior qualidade, com relevo bem acidentado, em áreas sem estradas, nem energia elétrica, e comunicações, e também porque interessava aos grandes fazendeiros terem mão de obra disponível, perto de suas fazendas.

A FASE iniciou sua intervenção com agricultores familiares de Ibirapitanga e de Teolândia, através do Projeto AMAs, e está alcançando resultados expressivos, como é o caso da implantação de núcleos produtivos nas comunidades de Acarás e do Limoeiro, onde jovens e mulheres AMAs, com assessoria da equipe técnica da FASE, vem conduzindo experiências de geração de trabalho com base em princípios agroecológicos, diversificando a produção. Esses agricultores familiares mantém e ampliam a biodiversidade em suas áreas, protegem os recursos naturais, e geram serviços ambientais que beneficiam toda a região.

Os núcleos produtivos apoiados pela FASE nas propriedades dos jovens e mulheres que atuam como AMAs demonstram que é possível aumentar a produção em pequenas extensões de terra, utilizando insumos locais e a própria mão de obra familiar, priorizando a segurança alimentar e objetivando contribuir para o abastecimento das famílias da própria comunidade e dos municípios. No caso do aviário de Acarás, por exemplo, as aves vêm sendo alimentadas com taioba que é uma planta abundante na região.