04/05/2022 16:40
Paula Schitine*
O Encontro Nacional da FASE foi marcado por muita potência, afeto e emoção. Em duas noites de muita reflexão e debates, atores e atrizes da sociedade brasileira discutiram os caminhos e desafios da Retomada do Brasil com diálogos sobre políticas públicas, desigualdades sociais e as apostas para um novo país.
Depois de dois anos de pandemia com distanciamento social, o evento foi também um grande reencontro e celebração do aniversário de 60 anos da FASE comemorado com muita alegria por faseanos e faseanas e também parceiros e colaboradores.
Na programação houve ainda o lançamento de edição comemorativa da Revista Proposta e do livro de memórias do ex-educador da FASE, Jean Pierre Leroy. Todas as atividades foram abertas ao público.
“Reafirmamos que a retomada para a qual a FASE pretende contribuir tem como objetivo a reconstrução recuperação dos
direitos demolidos sistematicamente nos últimos seis anos de governo, sem perder de vista a perspectiva crítica em relação ao desenvolvimentismo, ao neoliberalismo, à economia verde e ao insuficiente combate às desigualdades”, afirma Letícia Tura, diretora executiva da FASE Nacional
Debates pela Retomada
No primeiro dia do encontro realizado no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, a FASE debateu políticas contra a desigualdade e as falsas soluções econômicas, tendo como convidados Átila Roque, da Fundação Ford; Eduardo Costa Pinto, professor de Economia da UFRJ. Monica Bruckman, professora de Ciência Política da UFRJ; Luiza Nassif Pires, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades Made-USP.
“Com redução dos salários, as famílias têm mais dificuldade em prover cuidado e isso gera uma cadeia de exploração. A desigualdade serve às elites (econômicas)”, disse Luisa NAssif Pires. ” O investimento em Saúde Pública e Educação gera mais emprego para mulheres brancas e negras. Não há nada que gere mais alicerce do que o cuidado. Uma das coisas que mais temos trazido é a possibilidade do investimento em infra-estrutura de cuidado, como forma de garantir a segurança do setor”, conclui.
No segundo dia de debates o tema escolhido foi participação social e as apostas para um novo País. Compuseram a mesa, o deputado federal (PT-SP) Nilto Tatto; João Paulo Rodrigues, dirigente do MST; Nabil Bonduki, ex-Secretário de Cultura de São Paulo e Sonia Guajajara, coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.
“A gente vive uma guerra diária nos territórios indígenas e todos temos o papel de juntos reconstruirmos o Brasil através de escolhas políticas. Precisamos reflorestar as mentes” falou Sônia Guajajara. “O MST é muito fruto da experiência histórica da FASE em todos os seus momentos desde a nossa criação, em 1980, até essa fase sombria do golpe onde estivemos lado a lado lutando junto dos camponeses”, observa João Paulo Rodrigues.
FASE na memória e nos corações
O evento marcado pela emoção também contou com a presença de convidados especiais, companheiros de luta e da imprensa. Parceiros como Maria Ivete Bastos dos Santos, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (PA) que compartilhou um pouco da sua experiência na luta contra perda de direitos e territórios. “A FASE pra mim é uma organização que vem nos acompanhando há muito tempo. Ela faz parte da nossa vida, da luta sindical, na resistência diante de todos os problemas, da jornada que nó s temos e das superações que também nós temos vivido ao decorrer dessas décadas”, relembra.
Segundo ela, a FASE tem sido fundamental desde 1978, quando começou a atual em Santarém, ajudando na formação para que fossem desenvolvidos os primeiros informativos chamados “Lamparina”, de onde surgiu a corrente sindical “Lavradores Unidos”. “Esse movimento deu origem ao sindicato como é hoje, dentro de uma ideologia de luta, de transformação e fazer com que os trabalhadores rurais tenham um norte”, define.
Benedito Roberto Barbosa, o Dito, da Central de Movimentos Populares de São Paulo também fez questão de lembrar a importância da ONG. “A FASE é nossa irmã e foi fundamental para ajudar a organizar o nosso movimento e a nossa campanha pelo Fundo Nacional pela Moradia Popular, quando nós coletamos nos anos 1990 mais de um milhão de assinaturas pela criação do fundo. Então, a FASE foi fundamental na nossa história por isso que nós temos um carinho muito grande”, garante.
A emoção do reencontro dos faseanos
Ao final dos debates, o público foi convidado para apresentação musical do o grupo Som de Preta e um coquetel onde todos puderam confraternizar e se abraçar. Faseanos e faseanas das seis unidades espalhadas pelo Brasil se uniram para renovar as energias para a luta em ano eleitoral.
Daniela Meireles da FASE Espírito Santo disse que ficou muito emocionada pelo reencontro dos companheiros das regionais que foi reabastecedor das energias. “Participar de debates como estes que nos põem para pensar e questionar refletir sobre o futuro, o que queremos e o que podemos fazer, saímos motivados”, afirma.
*Paula Schitine é jornalista da comunicação da FASE