Maria Rita
25/03/2024 17:31

A juventude camponesa mato-grossense esteve reunida no Assentamento Roseli Nunes nos dias 15, 16 e 17 de março para a realização do encontro “Muxirum Jovem”, forma regional de se referir à prática cultural do mutirão, no qual muitas pessoas realizam um trabalho específico no formato de força tarefa. Além do mutirão em si – que aconteceu em uma roça de algodão agroecológico consorciado com muitas outras culturas -, os jovens também participaram da “Oficina de Futuro”, facilitada por Katja Polnik, e da palestra sobre “Sistemas Alimentares e Antirracismo”, apresentada pela militante do Levante Popular da Juventude, Amandla Silva Souza. 

No segundo dia do encontro, aconteceu a Roda de Conversa com os “jovens há mais tempo” representantes da Associação, que compartilharam um pouco sobre a história de luta do MST na região e da consolidação da ARPA – Associação Regional de Produtores Agroecológicos –  como referência. Aproximadamente 20 jovens participaram do encontro que envolveu discussões sobre sucessão rural, manutenção do trabalho digno no campo e o papel da agroecologia como fonte de conhecimento e prática inspiradora.

A jovem Mariana Santiago, agrônoma, educadora popular da FASE – MT e participante do comitê de organização, expressou sua opinião sobre o Muxirum: “A evasão da juventude do campo é um problema que vem sendo discutido há muito tempo pela FASE: sabemos que esses jovens não permanecem no campo por falta incentivo e comunicação, não unicamente pela vontade de sair. Ver a juventude resistindo e se auto organizando para criar estratégias que permitam essa continuidade no campo é extremamente importante, ainda mais vindo de um projeto criado pelos jovens para os jovens e que traz o resgate cultural dos muxiruns que vinha se perdendo, mostrando como a união e as lutas dos jovens do passado foram importantes para as lutas dos jovens de hoje. Esse primeiro encontro ressalta como o jovem quer permanecer no seu território e como é importante dar voz e ouvidos para suas lutas.”.

Além dos jovens presentes, os moradores do Assentamento Roseli Nunes e os agricultores associados à (ARPA) também se engajaram nas atividades, fortalecendo o senso de comunidade e de busca pelo bem coletivo. O projeto foi criado por juventudes rurais e obteve o apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE), a partir do edital sobre Sistemas Alimentares e Antirracismo. Outras organizações socioambientais do estado também contribuíram, com destaque para a FASE – MT, Jovens da Reserva da Biosfera do Pantanal, Associação Regional de Produtores Agroecológicos (ARPA), Instituto Gaia e Ressolbio. Além dos momentos de formação e prática no campo, os jovens também desfrutaram de períodos de lazer onde puderam fortalecer o vínculo de companheirismo a partir de dinâmicas e rodas de conversa. De acordo com Beatriz da Silva, do comitê de organização e jovem vice-secretária da Associação Regional de Produtores Agroecológicos, “o projeto Muxirum me fez ter a absoluta certeza, de que a juventude não é o futuro de amanhã e sim o presente. Seguimos juntos na luta, vão ter que nos engolir”, conclui. 

*Comunicadora FASE Mato Grosso