Gabriela Polydoro
25/09/2025 11:05
A FASE participou nos dias 12 e 13 de setembro da 7ª edição do Plante Rio, realizada na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. O encontro reuniu representantes de movimentos sociais, organizações da sociedade civil e diversos coletivos. Com o tema “Entre Rios Diversos”, foram dois dias de rodas de conversas, oficinas, exibições, feira, apresentações artísticas, vivências, intervenção cultural e conexão com a natureza.

Em iniciativa do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS) – Núcleo RJ, a FASE participou da “Roda de Conversa: Cúpula dos Povos/COP30 e as Lutas Socioambientais Climáticas – O QUE ESTÁ EM JOGO?” , contando com as participações de Maureen Santos, coordenadora do Núcleo de Políticas e Alternativas (NUPA), Aercio B. de Oliveira, coordenador da FASE Rio, e Clara de Lima, educadora da FASE Rio.
Abrindo o debate, Clara contextualizou a importância do evento e das temáticas abordadas em edições anteriores. Estas já tinham tratado da crise hídrica, a privatização dos serviços de abastecimento de água, os impactos das cadeias minero-siderúrgicas,a preservação da Mata Atlântica e os preparativos para a COP30 em Belém. Segundo ela, o objetivo do Plante Rio é ampliar articulações entre movimentos, coletivos e redes, promovendo espaços educativos e a construção coletiva de soluções.
Já Aercio destacou que não é mais possível pensar em saneamento, moradia ou infraestrutura sem levar em conta os impactos de eventos climáticos extremos, como ondas de calor e enchentes. Ele alertou para o crescimento da privatização da água e do esgoto no Rio de Janeiro e seus impactos sobre a população mais vulnerável. “Metade dos recursos do país vai para o pagamento da dívida pública, enquanto falta investimento em políticas sociais.”
Além disso, destacou que o racismo ambiental se manifesta na distribuição desigual dos impactos do clima, como enchentes e deslizamentos, que afetam sobretudo territórios periféricos e favelas. O coordenador da FASE RJ defendeu também a importância de lutar pelo orçamento público para garantir políticas consistentes de habitação, saneamento e agricultura familiar.
“Um trabalho da iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial, a iniciativa está fazendo um trabalho que eu acho muito interessante e eu quero que as pessoas fiquem atentas e entrem no site da iniciativa, que é o seguinte, um desinvestimento nas políticas de polícia, de segurança pública no estado do Rio de Janeiro. O que significa isso? Em vez de gastar quase a metade do orçamento com isso, é pressionar o legislativo, pressionar o poder executivo e realocar esses recursos para políticas de moradia, para políticas ambientais, para agricultura familiar no estado do Rio de Janeiro, que a gente esquece, mas a agroecologia tem um peso no estado do Rio de Janeiro”, comenta Aercio.
Maureen falou sobre os desafios e as expectativas em torno da realização da COP30, em novembro, bem como da Cúpula dos Povos, que tem sido organizada ao longo de dois anos por organizações, movimentos sociais e coletivos. De acordo com ela, o contexto mundial atual, marcado pelo crescimento da extrema-direita, crises humanitárias e fragilidade do multilateralismo, reforça a importância de processos de solidariedade internacional entre diferentes povos. “A Cúpula dos Povos busca fortalecer convergências em torno de temas como direito ao território, soberania alimentar, enfrentamento às falsas soluções e transição justa popular e inclusiva”, destacou a coordenadora do Núcleo de Políticas e Alternativas da FASE (NUPA).
A roda de conversa contou ainda com a participação de Carmen Castro (Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS), Cida Rodrigues (Museu da Maré), Alessandra Rangel de Oliveira (Associação de Comunidades Remanescentes de Quilombos do Estado do Rio de Janeiro – Acquilerj) e Nahyda Franca (FMCJS), participando na mediação.
O encontro reforçou o papel do Plante Rio como espaço de articulação e mobilização por justiça socioambiental, diante da crise climática, apontando que a construção de alternativas passa pela articulação entre movimentos sociais, pela valorização de saberes populares e pela pressão por políticas públicas que integrem justiça social e justiça ambiental.
*Estagiária de Comunicação sob supervisão de Isabelle Rodrigues