13/05/2014 14:10
O III Encontro Nacional de Agroecologia (III ENA) tem como tema “Cuidar da terra, alimentar a saúde, cultivar o futuro”. O evento começa nesta sexta-feira (16) no campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), em Juazeiro (BA). Reunirá 2 mil pessoas de todos os estados do Brasil, sendo 70% agricultores familiares, camponeses, povos e comunidades tradicionais.
O Encontro é promovido pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). A Fase, que integra essa rede nacional, participa da comissão organizadora do evento ao lado de pelo menos outras 30 organizações, movimentos sociais e redes regionais. Além disso, ajudou a construir, junto a outras entidades, conteúdos de oficinas e seminários que compõem a programação.
Atividades em que a Fase está envolvida
O III ENA irá utilizar uma metodologia denominada “instalação pedagógica”, em que integrantes de 15 diferentes territórios irão apresentar suas realidades ambiental, política, econômica, social e cultural por meio de artes visuais, fotografias, maquetes, músicas, dentre outras formas. Também haverá depoimentos de agricultoras sobre suas vivências. A Fase está envolvida na apresentação das seguintes regiões: Território Santarém, no Pará, e Território Cáceres, no Mato Grosso.
Serão, ainda, realizados 14 seminários temáticos. A Fase também colaborou na construção de alguns deles : “Luta pela Reforma Agrária e reconhecimento dos territórios dos povos e comunidades tradicionais: desafios e perspectivas”, “Conflitos, injustiças ambientais e violações de direitos”, “Agroecologia, abastecimento e construção de social de mercados – normas sanitárias e plantas medicinais” e “Construção de conhecimento agroecológico”.
Já a experiência do Fundo Dema estará presente em um seminário e na oficina temática “Fundos Comunitários na Amazônia e a Agroecologia”. Esta atividade pretende avaliar as experiências apoiadas pelos Fundos na Amazônia do ponto de vista da agroecologia e identificar os principais desafios para a evolução da percepção e das práticas agroecológicas na região. Além dessa, a Fase vai compor as seguintes oficinas : “Agroecologia e o extrativismo realizado pelos povos e comunidades tradicionais da Amazônia”, “Mulheres e agroecologia na Amazônia” e “A agroecologia e a economia verde: “o que está pegando”?”.
Pelo menos 50% dos inscritos do III ENA são mulheres. Não é por acaso que o Grupo de Trabalho Mulheres da ANA afirma que “sem feminismo não há agroecologia”. Na programação, está prevista a realização de uma plenária em que a luta das mulheres será relacionada a assuntos como “sementes transgênicas”, “assistência técnica e extensão rural”, “sociobiodiversidade”, “saúde e agrotóxicos”, dentre outros.
Contexto em que acontece o III Ena
O site do Encontro expõe que o contexto em que se realiza o III Ena é marcado por “grandes contradições”. Por um lado, a reafirmação do agronegócio e de sua dinâmica expansiva sobre territórios de agricultura familiar, povos indígenas e comunidades tradicionais. “A violação de direitos territoriais também se manifesta com a implantação de grandes obras de infraestrutura que pavimentam o projeto de desenvolvimento econômico calcado no extrativismo predatório de bens naturais”, aponta.
Ao mesmo tempo, chamam atenção o “adensamento político do campo agroecológico” e a “crescente afirmação de suas proposições perante a sociedade”. “Esse adensamento se expressa tanto na multiplicação e crescente visibilidade pública das experiências agroecológicas, quanto na institucionalização da perspectiva agroecológica em políticas e programas executados por órgãos públicos das três esferas da Federação”, destaca.
Diante dessa conjuntura, a ANA reforça a defesa da “agroecologia como alternativa viável e necessária, não apenas para o mundo rural, mas também para o conjunto da sociedade”. Ao final do III Ena, que acontece até o dia 19 de maio, será entregue aos representantes do governo uma carta política sobre as discussões nas atividades e demandas do movimento agroecológico. Mais informações pela página: enagroecologia.org.br.