19/01/2012 13:16
Foi realizado nos dias 12 e 13 de janeiro mais um laboratório nas comunidades do Território do Sisal para aprimorar conhecimentos e práticas. A atividade deu continuidade às ações de formação previstas na região e foi organizada pela equipe técnica da FASE que atua por lá: os técnicos agropecuários Andréa Almeida, Rosinéa Mota e Francisco Oliveira.
O Laboratório é uma das modalidades do percurso formativo trilhado pelos jovens e mulheres que atuam como AMAs. Serve também para motivar a inclusão social e multiplicar conhecimentos junto às demais famílias agricultoras que residem e trabalham nas comunidades alcançadas pela intervenção educativa da FASE e de seus parceiros ligados à FETRAF Bahia.
Nesta oportunidade, o Laboratório foi todo idealizado considerando o contexto peculiar do Bioma da Caatinga e das comunidades onde a FASE está atuando com a política pública de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). Neste contexto, predominam a ocorrência periódica de estiagens; a prática da ovino-caprinocultura e uma distribuição fundiária caracterizada pela existência de uma quantidade bastante significativa de propriedades familiares com reduzida dimensão de área (minifúndios).
A equipe que preparou o Laboratório selecionou duas áreas onde residem agricultores familiares que podem ser qualificados como de “agricultores experimentadores”. Estes adotam princípios agroecológicos e práticas de convivência com o semiárido adaptadas à realidade da agricultura familiar. E, como seus métodos alternativos vêm sendo constantemente submetidos ao teste da prática, nas condições reais de vida e de trabalho comuns à grande maioria dos outros agricultores familiares da região, seu conhecimento é essencial para fortalecer o processo de transição agroecológica que a FASE está estimulando e acompanhando.
O evento contou com a presença e participação do Engenheiro Agrônomo Wecslei Ferraz, integrante da Coordenação Estadual do Projeto AMAs; do Articulador Territorial Edvan Tavares; de Articuladores Municipais; além, é claro, de jovens e mulheres AMAs e de várias famílias agricultoras das comunidades onde realizamos as atividades.
No primeiro dia os trabalhos foram feitos na Comunidade de Boa Esperança, município de São Domingos. Os participantes foram até a propriedade de Seu José que é um dos agricultores familiares periodicamente acompanhado pela AMA Valdenice. Nesta propriedade, foi possível aos técnicos da FASE aprofundarem princípios e concepções já trabalhados anteriormente nas Oficinas Modulares através da experimentação prática de determinados procedimentos.
Como se tratava de uma área onde predomina a criação de pequenos animais, a ênfase da FASE foi dedicada à demonstração e debate sobre a formulação e preparo de rações, utilizando-se recursos disponíveis localmente. Além disso, como a imensa maioria dos agricultores familiares do Sisal concilia agricultura com criações, também se abordaram métodos que complementam essas duas atividades, como a condução de hortas utilizando-se restos vegetais (palhas) e dejetos animais na preparação de canteiros, e de adubos orgânicos; biomassa para regular a temperatura do solo dos canteiros e favorecer a absorção de água pelas plantas, bem como, assegurar sua maior permanência no solo (cobertura morta).
No que se refere a alternativas de controle sanitário de plantas e criações, a equipe Técnica da FASE abordou procedimentos para a elaboração de Calda Bordalesa; e Calda Sulfo Cálcica.
No dia seguinte, os participantes deste Laboratório visitaram o agricultor Eduardo, na Comunidade de Barreiros, situada no município de Riachão do Jacuípe. Nesta localidade, os AMAs e demais agricultores presentes puderam acompanhar e experimentar todas as etapas necessárias à elaboração e aplicação de alguns tipos de preparados orgânicos, como o Iôdo Natural.
Eduardo é conhecido na região por ser um agricultor totalmente agroecológico. Em suas áreas existem experiências produtivas com hortas; criação de aves; de peixes, de cabras etc. Desta maneira, os participantes do laboratório puderam ampliar seus conhecimentos sobre a consorciação de diversas atividades produtivas em pequenos espaços de área, bem como os resultados que vêm sendo alcançados com a progressiva adoção de tecnologias agroecológicas na produção agrícola familiar no Bioma da Caatinga.