30/11/2010 12:54
A imensa maioria das famílias agricultoras dispõe de muito pouca terra para trabalhar e produzir. Esta estrutura fundiária injusta, criada e mantida pelas classes dominantes que desde sempre controlam a economia e a política no Brasil, causa ainda mais dificuldades quando os recursos naturais das terras utilizadas pela agricultura familiar encontram-se degradados, ou se situam em biomas cujas características exigem alternativas tecnológicas.
No caso da Caatinga, predominam regimes hídricos caracterizados como sendo do Semi Árido, ou seja, as chuvas têm pouco volume e geralmente se concentram em um curto período do ano. Mas é exatamente no Semi Árido onde se localizam os maiores contingentes de agricultores familiares do Brasil. Por isso, as inúmeras tecnologias alternativas de convivência com o Semi Árido que vêm sendo propostas e experimentadas por milhares de experiências comunitárias são muito importantes. Na medida em que estas alternativas tiverem sua eficácia comprovada na prática, elas estarão fortalecendo a capacidade da agricultura familiar se reproduzir, se consolidar, permitindo assim a construção de um Brasil mais justo e solidário.
A FASE Bahia vem procurando trabalhar em parceira com outras entidades e programas atuantes no Semi Árido, durante a operacionalização do Projeto AMAs II. A opção por parceiras evita a duplicação de esforços, e permite ampliar o alcance das ações desenvolvidas por cada parceiro, aumentando o número de famílias agricultoras com acesso a diferentes metodologias de trabalho.
No dia 15/10/2010, realizou-se uma ação em parceria dos técnicos Francisco de Oliveira, da FASE Bahia, atuando no Projeto AMAs II; com Ramon, do Projeto Sertão Produtivo, implementado pela FATRES; e de Demilton, do Projeto Semear, operacionalizado pela APAEB. Nesta ação em parceira estiveram presentes as AMAs Creuza Maria reis Santana; e Naise da Silva Santos; ambas da comunidade de Morro do Mamote, município de São Domingos que é uma das 122 comunidades onde a FASE Bahia desenvolve sua intervenção educativa.
Em Morro do Mamote foi feita uma atividade didática que se enquadra entre as alternativas de convivência com o Semi Árido, elaboradas e experimentas pelos movimentos sociais da região. Trata-se da construção de conhecimentos teóricos e práticos sobre a produção de reserva alimentar para os criatórios animais, utilizando como matéria prima plantios tradicionalmente feitos na área, como milho, sorgo e capim de corte. A opção para conservar essa biomassa com valor nutritivo para ser consumida nos meses de estiagem, foi o “silo trincheira”. Tanto as AMAs como outras famílias agricultoras participantes puderam observar os métodos de construção do silo, os procedimentos necessários ao preparo da palha de milho, sorgo e capim de corte; e os cuidados necessários para armazenar essa biomassa no silo.