FASE
29/10/2025 12:17
NOTA PÚBLICA
FASE manifesta sua profunda indignação diante da operação policial que resultou, até o momento, em mais de 100 mortes no Rio de Janeiro, um crime de Estado que afronta o direito à vida e à dignidade humana.
O massacre promovido pelo Estado, sob o nome de “Operação Contenção”, escancara o fracasso de uma política de segurança construída sobre a lógica da guerra e da eliminação. O que o governo chama de “combate ao crime” é, na verdade, a institucionalização da morte como ferramenta de gestão das favelas. Essa tragédia anunciada repete o mesmo roteiro de outras chacinas que marcaram a história recente do Rio: o uso indiscriminado da força contra corpos negros e empobrecidos, tratados como alvos e não como cidadãos. Não se trata de um erro ou de um excesso, é uma política deliberada que transforma territórios populares em campos de extermínio, sustentada pelo racismo estrutural e pela omissão de um Estado que deveria proteger vidas. Essa matança, travestida de política pública, é expressão de um projeto de poder que naturaliza o assassinato e silencia o luto das famílias que perdem seus filhos todos os dias.
A FASE denuncia que o governo de Cláudio Castro consolida um projeto de poder assentado na barbárie, premiando a letalidade e deslegitimando as vozes que exigem controle e responsabilidade das forças policiais. Ao atacar a ADPF das Favelas e enfraquecer mecanismos de fiscalização, o governo autoriza a matança e tenta silenciar quem defende o direito à vida. Essa política de morte é incompatível com qualquer noção de democracia. A segurança pública não se faz com sangue, mas com direitos, dignidade e compromisso com a vida. O que vimos nas últimas horas não é uma operação, é uma chacina de Estado. O Estado brasileiro deve ser responsabilizado por cada uma dessas mortes e por transformar a dor do povo negro e favelado em rotina.
A atuação da FASE no Rio de Janeiro fortalece e defende historicamente a redução das desigualdades e violências em territórios de favelas e periferias, apoiando jovens, mulheres e famílias na resistência às opressões urbanas e à militarização dos territórios. A partir da educação popular, denuncia o racismo institucional, o genocídio da população negra e violações de direitos, além de articular movimentos sociais e políticas públicas urbanas, incorporando as perspectivas de gênero, raça e classe na luta por uma cidade mais justa e inclusiva.
Nenhuma democracia sobrevive quando o poder público faz da morte sua política de governo.
