13/02/2012 12:57

Assuntos de importância para a gestão e a produção das unidades familiares são o que não faltam nas comunidades onde a FASE Bahia intervém no plano educativo. É por essa razão que todas as Oficinas Temáticas previstas para esta etapa de execução do projeto já foram planejadas e realizadas pelos integrantes da Equipe Técnica, com o devido assessoramento da coordenação estadual.

No mês passado, as técnicas agropecuárias Marina Souza, atuante no Baixo Sul, e Andréia Almeida, assessora em comunidades no Sisal, conseguiram organizar e realizar diversas Oficinas Temáticas.

Na comunidade do Chorão, município de Presidente Tancredo Neves, a participação dos agricultores e agricultoras, foi surpreendente, muito melhor do que nas oficinas anteriores. Agentes Multiplicadores de ATER (AMAs) e outros agricultores falaram de suas realidades, citando exemplos já presenciados.

Foram trabalhados assuntos relacionados à Campanha Permanente contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida e enfatizadas as alternativas acessíveis à agricultura familiar, que permitem o cultivo sem a utilização de venenos. As famílias ainda puderam aplicar conhecimentos práticos na preparação de uma pequena horta doméstica, além de elaborarem compostagem orgânica com ingredientes da região. Os participantes também aprenderam os métodos de feitura e utilização de um determinado tipo de calda orgânica. Um considerável número de crianças, alunos vinculados ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), esteve presente.

No Território do Sisal, as Oficinas Temáticas foram realizadas nas comunidades de Casinhas, Lameiro da Chicória, e Araçás, todas no município de Araci. As atividades contaram com a participação de AMAs e de famílias agricultoras assistidas pela FASE. Ainda estiveram presentes a articuladora municipal Sinsina e a técnica agrícola da Fundação Apaeb, Isabel Oliveira, o que reforça a parceira da FASE com entidades sindicais e outras ONGs da região.

De acordo com Andréia Almeira, técnica agropecuária da FASE, foram desenvolvidos conhecimentos relacionados à fabricação caseira de vários produtos agroecológicos, que podem ser utilizados como repelentes de pragas, adubação de plantas ou, ainda, na alimentação animal de pequenas criações. No que se refere à alimentação e manejo sanitário animal, os participantes aprenderam a fazer sal mineral caseiro e iodo natural, além de ração para aves e vermífugo. Na medida em que selecionavam os ingredientes e elaboravam os preparados, Andréia enfatizava a importância de se trabalhar com produtos naturais existentes na própria propriedade familiar ou comunidade. Dessa maneira, se evitam gastos monetários com a aquisição de produtos industrializados e o capital passa a poder ser direcionado para áreas mais importantes, como educação e saúde. Além disso, a não utilização dos venenos diminui os riscos de contaminação que, infelizmente, cresce em diversas zonas rurais do Brasil.

Construção em conjunto
Trabalhos em grupo são realizados de acordo com as demandas e realidades de cada local

De caráter altamente participativo, as Oficinas Temáticas sempre são feitas nas comunidades – de preferência em alguma propriedade familiar cujas características não se diferenciem das outras habitações existentes. Os participantes devem ser sujeitos na construção dos conhecimentos, testados imediatamente na realização de trabalhos produtivos ou de gestão. São utilizados casos e experiências produtivas desenvolvidos pelos agricultores e suas famílias. Merece registro a participação das famílias dos AMAS Aleilton e Anailton, que muito contribuiu para o sucesso da iniciativa.

É fundamental identificar os temas interessantes para os agricultores. Até porque, se não houvesse essa sintonia, poucos trabalhadores deixariam de realizar suas atividades de rotina para a dedicação de um dia à construção de conhecimentos. O primeiro passo para viabilizar o sucesso da Oficina Temática é identificar aquilo que mais interessa a maioria das famílias agricultoras das redondezas.

O trabalho de pesquisa e seleção de temas é feito tanto pelos jovens e mulheres, que acompanham outras famílias da comunidade, como pelos técnicos agropecuários da FASE, que fazem visitas de assessoria técnica regulares nessas comunidades. Desde 2008, a trajetória já percorrida pela FASE e seus parceiros aponta também para a necessidade de se encontrarem formas e metodologias adequadas ao tratamento dos temas para garantir a compreensão dos participantes.