Suzana Devulsky e Marina Malheiro
21/08/2024 17:05
Na sexta-feira, 16 de agosto, educadores da FASE Rio levaram lideranças comunitárias dos bairros Vila Alzira e Novo São Bento, localizados no município de Duque de Caxias, para conhecer o Parque da Catacumba, na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Além de proporcionar um momento de confraternização, o objetivo era debater sobre segregação socioterritorial e acesso a políticas públicas.
A atividade marcou o encerramento do ciclo de formação da oficina “Injustiças Socioambientais, Saneamento, Bens Comuns e Tecnologias Sociais de Água”, parte do projeto “Água para quê e para quem?”, que, no Rio de Janeiro, foca em debater os desafios e possíveis soluções para a falta de acesso a saneamento básico na Baixada Fluminense e áreas periféricas.
Bruno França, educador da FASE Rio, explicou que essa etapa focou em apresentar discussões de um ponto de vista político sobre desigualdades e diferenças no acesso a serviços em diferentes territórios:
“[Duque de] Caxias sofre tanto com a falta de água, com a falta da qualidade dos serviços públicos como transporte, saúde, educação. Está falando tudo que de alguma forma a gente pode consolidar ou objetivar no conceito de segregação socioespacial, que é exatamente a diferenciação entre qualidades de territórios. A gente está olhando para Caxias nessa perspectiva do que falta. Mas a gente também pode olhar para outros territórios com a perspectiva do que esses territórios podem oferecer. E aí, a Lagoa é exatamente o contraponto da falta. É um dos lugares mais valorizados da cidade do Rio de Janeiro, um dos [metros quadrados] mais caros do Brasil. […] E aí, quando a gente olha essa diferença, a gente pode acender um pouco esse: Por que no nosso não tem isso? Por que no nosso território não tem um parque como Parque Municipal da Catacumba, que é um lugar arborizado, bem cuidado, com atividades, com cultura?”
A escolha pelo Parque da Catacumba para a realização da atividade tem ainda outro motivo: “É um local muito simbólico. Na década de 60, era uma favela que, após um grande incêndio, foi removida e parte de seus moradores foram para a região oeste da cidade. E hoje se tornou um parque, uma área de lazer, totalmente afastada da maior parte da população pobre e preta da cidade”, explicou Caroline Santana, educadora da FASE Rio.
“O que fica como mensagem talvez seja isso: Por que não querem os pobres em lugares que tenham acesso ou que tenham a cidade, que sejam a cidade, né?”, concluiu Bruno França.
*Este projeto é possível graças ao apoio recebido da Fundação Tinker.
*Comunicadora e estagiária da FASE, respectivamente