11/12/2008 13:00

momento inicial Nucleo Agroecologia_CEPLACDando seqüência à série de notícias disponibilizadas aqui na página da FASE Bahia, e relatando passos percorridos na execução das diversas atividades previstas no Projeto de Inclusão Social de Jovens e Mulheres AMA’s , sintetiza-se o que aconteceu durante o intercâmbio do Extremo Sul, realizado por jovens e mulheres AMA’s atuantes nos municípios de Jucuruçú, Ibirapuã, Prado, Alcobaça, Itamarajú, Teixeira de Freitas, e Santa Cruz Cabrália.

Este Intercâmbio que é uma das modalidades adotadas no percurso formativo que vem sendo percorrido pelos 262 jovens e mulheres que atuam como AMA’s – Agentes Multiplicadores de ATER, nas 131 comunidades alcançadas pelo projeto, reuniu 53 pessoas (entre AMA’s, técnicos agropecuários), e contou ainda com o acompanhamento de educador popular da FASE Bahia, representando a Coordenação Estadual do projeto.

A parceria da FASE Bahia com o Núcleo de Agroecologia da Ceplac foi de fundamental importância para a realização deste Intercâmbio, e a FASE Bahia expressa aqui seus agradecimentos a João Antônio Firmato de Almeida (Jafa) que conduziu tecnicamente todas as atividades, bem como, à equipe do escritório local da Ceplac Ilhéus, responsável pelo atendimento aos agricultores familiares de uma das comunidades visitadas.

Este intercâmbio foi realizado nos dias 24 a 26 de Novembro de 2008, permitindo aos jovens e mulheres AMA’s do Território de Identidade Extremo Sul, conhecerem experiências localizadas em Ilhéus e Camamu, municípios localizados no bioma da Mata Atlântica, no sul da Bahia.

A seleção das experiências a serem visitadas foi feita conjuntamente entre a Fase e o Núcleo de Agroecologia da Ceplac, procurando possibilitar contato e troca de conhecimentos diretamente entre agricultores que já estão fazendo a transição para a agroecologia, ou para práticas agrícolas mais sustentáveis do ponto de vista ambiental (agricultura orgânica).

No dia 24 de novembro foi feita visita ao Centro de Compostagem existente na sede regional da Ceplac, situada na rodovia Ilhéus – Itabuna. Nesta visita acompanhada pelo técnico João Antonio do Núcleo de Agroecologia, foram abordados diversos aspectos relacionados à adoção de tecnologias ambientalmente amigáveis, economicamente viáveis e socialmente justas que, em seu conjunto, podem representar passos iniciais de uma futura transição agroecológica. Os jovens e mulheres AMA’s puderam ver e receberam explicações técnicas sobre biodigestores para produção de gás metano a partir de estercos animais; coleta, armazenamento e utilização de água de chuva; criação de galinhas caipiras com ênfase em alimentação produzida com recursos existentes na própria propriedade familiar; produção de energia elétrica a partir de placas solares; hortas alimentares e farmácia viva. Foi realçada a situação específica do local onde essas tecnologias estavam sendo experimentadas, pois não se poderiam considerar as condições existentes dentro da sede regional da Ceplac como iguais às vigentes nas comunidades de agricultores familiares do Extremo Sul da Bahia. Este primeiro dia do intercâmbio foi, portanto, um momento mais dedicado à exposição teórico-prática de alternativas tecnológicas ambientalmente amigáveis.

No dia 25 de novembro, o grupo visitou uma horta orgânica, localizada em uma propriedade familiar situada na região do Rio do Engenho, em Ilhéus, Ba. Os cinco meeiros atualmente responsáveis pela condução desta horta relataram seus métodos de trabalho tanto na produção, como na comercialização, e falaram sobre as condiçõeso terreno antes e depois da utilização das práticas orgânicas. Em seguida, nesta mesma localidade, conheceram a experiência de transição agroecológica desenvolvida pelo agricultor familiar Gideoni, o qual conduz um SAF – Sistema Agroflorestal com árvores de sombra para futura extração madeireira, frutíferas perenes como cacau e cupuaçu, precedidas por bananeiras e lavouras de ciclo curto nos estágios iniciais de formação do SAF. o Sr. Gideoni enfatizou que o SAF já em estágio avançado de formação, foi implantado em área anteriormente bem degradada, infestada por sapé. Outro aspecto da experiência protagonizada pelo Sr. Gideoni, na localidade do Rio do Engenho, foi uma área onde está sendo implantada uma lavoura de banana, também considerada como pobre e degradada mas que vai ser recuperada com esses métodos agroecológicos. Nestas duas experiências, os participantes do intercâmbio puderam observar e dialogar com casos concretos de transição, feitas por pessoas que vivem e trabalham em condições econômicas, sociais e ambientais relativamente semelhantes com aquelas vigentes na maioria das comunidades onde existem agricultores familiares no Extremo Sul. Ainda no dia 25, a turma foi para Camamu-Ba.

No dia 26, visitou-se o Sítio Exílio, de 55 ha, onde existem diversos exemplos, em estágios variados, de transição agroecológica. Os participantes puderam observar áreas com sistemas agroflorestais com dez a doze anos de existência; outras áreas em estágios mais iniciais, onde ainda predominam culturas pioneiras. Verificaram também que mais de metade da área do Sítio Exílio ficou preservada como reserva florestal, que suas nascentes estão bem protegidas, e que é possível ter várias culturas, com fins e vantagens econômico ambientais diferentes, convivendo em uma mesma área.