28/09/2010 18:24

A cidade do Rio de Janeiro vai passar por um período de grandes alterações nso próximos anos, com a realização de dois megaeventos esportivos: as Olimpíadas de 2016, que acontecerão inteiramente na cidade, e a Copa do Mundo de 2014, que embora seja espalhada pelo país também terá no Rio uma de suas sedes mais importantes. A todo momento, as referências a estes dois eventos é feita como puramente positiva. Investimentos, melhorias, postos de trabalho e desenvolvimento. Tudo propagandeado com uma palavra que parece tudo resumir: legado. O legado dos eventos esportivos é vendido como a panacéia para a cidade.

Entretanto, a realidade dos megaeventos já se mostrou muito mais complexa. Em 2007, ano dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro, enquanto uma série de grandes empresas lucravam com seu legado particular, partes da população recebia o descaso e a violência dos agentes do Estado. Ali, foram feitos despejos de comunidades pobres, apropriações de território sem consulta aos habitantes, desapropriações e demolições de residências sem justas indenizações. E muitas outras violências que, tudo indica, vão se repetir nos próximos anos com a corrente de capital que virá para o Brasil e especificamente para o Rio, sempre demandando alterações no espaço urbano que lhe beneficiem, a despeito da população.

A fim de enfrentar esta agenda de conflitos, diversas organizações sociais já se estão mobilizando. Um curto seminário no dia 5 de outubro terá a função de abrir os debates sobre como garantir o direito à moradia na metrópole fluminense em tempo de megaeventos esportivos. Dele participarão representantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, do Observatório das Metrópoles, do Conselho Regional dos Economistas, da Fase Rio e da comunidade de Vila Autódromo. Esta comunidade foi assediada pela prefeitura do Rio de Janeiro diversas vezes em 2007. Foi ameaça de remoção mas resistiu. Sua história, portanto, é de grande valor para este novo ciclo de megaeventos no Rio.