30/06/2022 15:51
A assessora do Grupo Nacional de Assessoria da FASE, atropóloga, Maria Emília Pacheco, primeira mulher a presidir o Consea (Conselho Nacional Segurança Alimentar e Nutricional) foi a convidada especial do programa “Giro Nordeste”, da TVE Bahia.
No programa, a assessora da FASE falou sobre a realidade estarrecedora de 33 milhões de pessoas em situação de fome no Brasl, além de denunciar o desmonte das políticas públicas que favorecem o acesso á alimentação de qualidade.
Ao responder perguntas dos entrevistadores, a assessora da FASE disse que para voltar a ter alimentos saudáveis na mesa do brasileiro é preciso garantir empregos, desconcentrar renda e a terra, valorizar o salário mínimo e assegurar que políticas que já existiam sejam renovadas e melhoradas. “Não podemos mais comviver com a indignidade que é o flagelo da fome”, afirma.
O desmonte das políticas públicas
Perguntada sobre a controversa que é o estarrecedor número de brasileiros em situação de insegurança alimentar versus a produção de alimentos no País, Maria Emília respondeu de forma categória. “O Brasil não é o celeiro do mundo na produção de alimentos se considerarmos que em 2019, 241 milhões de toneladas de grãos representavam 90% de soja e milho, e isso não significa garantia do alimentação de qualidade e saudável porque o princípio que tem que nos reger, além do direito humano ao acesso à alimentação, é também o princípio da diversidade e isso nós não temos”, critica.
Segudo ela, hoje vemos uma mudança no perfil nutricional do brasileiro, com o aumento dos ultraprocessados que inclusive chegam às crianças de forma ‘ultrajante’, muitas vezes com a oferta de um brinquedo. “Essa alimentação extremamente artificial acaba sendo uma imposição por conta da falta de acesso à comida de verdade que não chega à mesa da maiora dos brasileiros”, relaciona.
Movimento pela Soberania Alimentar
Para os integrantes do movimento pela soberania aliementar no Brasil, é fundamental envolver o conjunto da sociedade e certos segmentos como médicos e outros profissionais de saúde para lidar com essa questão dos ultraprocessados porque já se constatou aumentos de doenças como alergias, diabetes e certos cânceres.
“Há um paradoxo no Brasil, o alimento que é produzido artesanalmente costuma ser criminalizado, enquanto cresce a venda de produtos artificiais, então é preciso voltar a resolução da ANVISA que visa a adaptar as normativas para esses produtos”, afirma Maria Emília Pacheco.
“É preciso que o enfrentamente da fome seja uma questão de estado para garantir alimentação de qualidade aos brasileiros, mas hoje o que vemos é o contrário, é a descaracterização de programas como no PNAE que garante alimentação de qualidade nas escolas”, analisa.
Assista ao programa “Giro Nordeste” na íntegra no link abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=DLrQsPvLCJo&feature=youtu.be