05/07/2016 16:14

Mariana (MG) - Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), atingido pelo rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), atingido pelo rompimento  (Antonio Cruz/ABr)

O crime ambiental em Mariana, que hoje (5) completa oito meses e se tornou um marco na história dos desastres ambientais em todo o mundo, não foi o primeiro do tipo. Em 15 anos, foram registrados pelo menos sete rompimentos envolvendo barragens de rejeitos de mineração só em Minas Gerais. Para debater o assunto, o programa Sala de Convidados, do Canal Saúde, iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), contou com a presença de Maiana Maia, do Grupo Nacional de Assessoria (GNA) da FASE e do Comitê em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, dentre outros convidados.

“Paradoxalmente, na medida em que a lama avança e rompe a barragem de Fundão, ela também rompeu um certo cerco sobre como esses desastres estavam longe do debate público. A mineração é uma questão no Brasil, que não se via, antes de Mariana, como um país minerador.  A partir dessa escolha econômica, existe uma série de impactos e de riscos associados a essa atividade se expandindo para diferentes regiões”, pontua Maiana. Ela também comentou sobre a população atingida pelo desastre, enfatizando que este tipo de situação se torna repetitiva para determinadas populações. “É muito emblemático: 85% das pessoas que moravam ali, nos quilômetros próximos à barragem, eram negras. Existe uma lógica de sacrifício que favorece a instalação desses empreendimentos. A centralidade não é a vida dos que estão fora do arco do poderio econômico”, reforçou.

O programa, gravado em junho, também contou com Carlos Machado, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) da Fiocruz, Tatiana Ribeiro de Souza, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (GEPSA) da UFOP, e de Rafaela Lopes, da Justiça Global e da Articulação Internacional das Atingidas e dos Atingidos pela Vale. O debate também abordou o que significa o aumento da exploração de commodities, produtos de origem primária como o minério, em momentos de crise. Para garantir lucros e retorno aos acionistas, empresas precarizam ainda mais o trabalho e flexibilizam a proteção ambiental, aumentando a chance de desastres, como o da bacia do Rio Doce.

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