20/04/2010 15:47

Enquanto em Brasília movimentos sociais fazem o que podem para evitar a hidrelétrica que pode se tornar o maior desastre socioambiental na Amazônia nos últimos anos, no sul da Bahia uma outra luta toma corpo. Trata-se de uma intensa oposição social na região ao projeto de consturção do Porto Sul, complexo portuário que, se for construído, atenderá aos interesses da Bamin – Bahia Mineração, empresa privada de capital internacional.

A região é de Mata Atlântica, exatamente ao norte do município de Ilhéus. O risco ambiental é claro. Segundo informações divulgadas pela Rede Sul da Bahia Justo e Democrático, o Porto Sul demandará a construção de um quebra-mar a três quilômetros da costa, com 1 quilômetro de extensão, 366 metros de largura e 24 metros de profundidade. Seria um muro separando as belas praias (bem como seus moradores humanos e outros animais) do oceano Atlântico. Além disso, a área alagada em terra teria que ser totalmente suprimida por meio de um aterramento com a finalidade de rebaixar o lençol freático. A água assim represada seria conduzida por um canal até o mar, o que equivale dizer que haverá despejo de até 8 mil litros de água doce por hora no mar, um desperdício imenso e um desequilíbrio ecológico inaceitável.

As informações divulgadas pela Rede Sul da Bahia Justo e Democrático são extraídas dos estudos de impacto ambiental feitos pelo Ibama para licenciar a obra. E, segundo a mesma fonte, os danos não parariam aí. Uma ferrovia seria construída desde Tocantins até o sul da Bahia. Isso ajuda a explicar o motivo do projeto: a sanha exportadora do setor de mineração.

A obra do Porto Sul não é exclusivamente privada, conta com o apoio do governo federal e do governo da Bahia, que entram com investimentos públicos no projeto. Fica, tanto quanto na questão Belo Monte, novamente demonstrada a vinculação clara e inegável entre o poder público e o grande capital, visando a exploração do território brasileiro a despeito de qualquer problema que venha a causar para o povo e o meio ambiente.

Da mesma forma como no Pará, na região do rio Xingu, a luta social continua intensa contra a hidrelétrica de Belo Monte, o sul da Bahia entra em mobilização também forte contra o Porto Sul. O desenvolvimento, em nenhum destes dois casos, virá com a simples construção de uma imensa infra-estrutura que desemprega mais do que emprega (pelo impacto nas economias locais) e ainda deixa uma pegada suja que extingue espécies e polui terras, rios e mares. Do lado da resistência a este modelo, a Fase continua engajada no apoio a estas mobilizações.