20/12/2021 16:51
Alcindo Batista¹
A equipe do portal Tapajós de Fato vem recebendo ameaças após denunciar a venda ilegal de terras e a especulação minerária no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, localizado no município de Santarém (PA). Na região de 250 mil hectares vivem cerca de 35 mil pessoas em 128 comunidades catalogadas, sob forte ameaça da mineração e da grilagem de terras.
Marcos Wesley, presidente do Tapajós de Fato, conta que o site — veículo independente e alternativo que atua na região Oeste do Pará — nasceu a partir da necessidade de fazer comunicação por meio de construções coletivas entre organizações do movimento social e ambiental. O objetivo é levar uma visão mais ampla dos impactos dos grandes projetos previstos para a região, bem como pautas que diretamente interferem nos modos de vida amazônicos, como as mudanças climáticas e a justiça socioambiental. “Para tal, temos usado diversas plataformas para ecoar as vozes dos povos das regiões do Baixo Amazonas e do rio Tapajós, por meio de matérias, reportagens, conteúdo audiovisual e podcasts, que reportam os danos causados por grandes projetos que visam o lucro e desconsideram a existência dos povos que vivem nos territórios”, pontua.
Só no ano de 2020, o Brasil registrou 408 ataques a jornalistas, segundo dados do Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). O número representa um aumento de 105,77% em relação a 2019, quando 208 denúncias foram feitas.
Para Sara Pereira, educadora do programa da FASE na Amazônia, o Tapajós de Fato é uma iniciativa que fala sobre os impactos do agronegócio, do desmatamento e da própria mineração para os povos tradicionais, o que não era visto na mídia hegemônica. “É claro que isso incomodou esses setores ligados à exploração dos territórios. É importante que a gente se solidarize com essas companheiras e companheiros, pois esta não é uma ameaça só à liberdade de imprensa, é também a todos que lutam pela proteção da natureza e qualquer outro tipo de violação”, reforça.
Recentemente o Tapajós de Fato um podcast especial sobre os 60 anos da FASE. Clique aqui para acessá-lo.
[1] Estagiário, sob supervisão de Cláudio Nogueira