02/02/2009 12:39

A FASE Bahia vem desenvolvendo várias atividades de apoio à organização comunitária e sindical e de formação em agroecologia com jovens e mulheres agricultores familiares dos municípios de Barra do Rocha, Ibirapitanga e Teolândia, situados nos Territórios de Identidade do Médio Rio de Contas e do Baixo Sul. Essas atividades são parte do Projeto executado pela FASE, com recursos do Convênio Direg 060/2007 – SEAGRI SUAF.

Os municípios situados no Território de Identidade do Médio Rio de Contas, como é o caso de Ibirapitanga, têm sua história e contexto econômico, social e cultural profundamente influenciados pela hegemonia da monocultura de cacau para exportação. Durante décadas, a quase totalidade das explorações agropecuárias existentes em Ibirapitanga eram dedicadas única e exclusivamente à monocultura do cacau, em regime de trabalho assalariado, com muita precariedade, exploração da mão de obra, violação de direitos humanos e completo desrespeito à legislação ambiental. A estrutura fundiária sempre foi muito concentrada e o poder econômico e político sempre esteve nas mãos de grandes proprietários de terra absenteístas, e de empresários ligados à comercialização de cacau para exportação.

Ibirapitanga também mergulhou na “crise do cacau”, ou seja, desde meados dos anos 1990 verifica-se a redução e estagnação da produção de cacau; baixos preços nos mercados internacionais; fazendas abandonadas por causa da insolvência financeira de seus proprietários; plantações de cacau dizimadas pela ausência de tratos culturais e incidência da doença conhecida como “Vassoura de bruxa”.

Este contexto possibilitou o florescimento de vários movimentos sociais de luta pela terra, bem como a renovação e ampliação da identidade da agricultura familiar em uma região sempre marcada pela dicotomia proprietários de terra monocultores X assalariados rurais de fazendas de cacau.

A FETRAF Bahia passou a atuar na região organizando Sindicatos de Trabalhadores Rurais com forte presença de agricultores familiares, como é o caso de Presidente Tancredo Neves, e iniciando um processo de reorientação de prioridades para STR’s antes somente engajados em lutas pelo cumprimento da legislação trabalhista para assalariados rurais, como era o caso do STR de Ibirapitanga.

A FASE participa ativamente desta caminhada, e com as experiências acumuladas de promoção da agroecologia e da inclusão social de jovens agricultores familiares da região (Projeto FASE ATER MDA 142/06), passa a executar uma nova iniciativa (Convênio 060/2007 – SEAGRI SUAF) que também prevê a participação ativa de mulheres e jovens, através da metodologia dos AMA’s – Agentes Multiplicadores de ATER.

Em Ibirapitanga, Barra do Rocha e Teolândia, o projeto atua através do técnico agropecuário Pauliedson Cerqueira, contando com o apoio do Coordenador Territorial Idilberto de Souza Santos que é o presidente do STR de Ibirapitanga. Os jovens e mulheres AMA’s das comunidades destes municípios vêm recebendo orientações e assessoria técnica para a implantação de hortas comunitárias, baseadas em princípios agroecológicos, como é o caso ilustrado aqui, verificado em Acarás, município de Ibirapitanga, onde também se realizam visitas de acompanhamento técnico às 30 famílias desta comunidade, alcançadas pelo projeto.

O principal objetivo destas hortas comunitárias, além, é claro, de propiciar a colocação em prática dos conteúdos debatidos nas diferentes modalidades do percurso formativo trilhado pelos jovens e mulheres AMA’s, é ampliar as possibilidades de se alcançar a segurança alimentar das famílias envolvidas, e futuramente, propiciar maiores alternativas para a geração de trabalho e renda.