21/01/2019 17:35

Marcelo Yuka. (Foto: Divulgação)

Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana, o Marcelo Yuka, teve uma trajetória de lutas. O compositor e baterista morreu nesta sexta-feira (18), aos 53 anos, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O músico estava internado em estado grave desde o dia 2 de janeiro. Como ativista, participou de diversos movimentos e organizações que lutam contra as desigualdades, inclusive da FASE. Lamentamos imensamente essa perda e agradecemos ao artista por ter colocado sua criatividade em favor da transformação social.

Yuka foi velado na Lapa e enterrado em Campo Grande, onde nasceu e aprendeu a tocar bateria. Fãs, familiares, colegas de trabalho e amigos lotaram os locais para fazer homenagens. “O que Yuka mais sabe fazer é contar histórias através das letras de suas músicas, sua poesia, seus textos dissertativos, suas palestras e com cada pessoa que Yuka invariavelmente dá atenção. Ouvir faz parte de seu processo. É ouvindo, refletindo, absorvendo que vai construindo seus pontos de vista sobre arte, política, mobilização, Brasil, mundo, ecologia e justiça social”, destaca a biografia em seu site.

A Tijuca também marcou sua história, onde morou até o final de sua vida. Além disso, lá o músico foi baleado nove vezes, em 2000, quando saiu de seu carro para tentar ajudar uma mulher que estava sendo assaltada. Yuka foi fundador da banda “O Rappa” em 1993. “Permaneceu na banda até 2001, pouco após ficar paraplégico. A saída teve tons de amargura”, informou o jornal O Globo. Mesmo tendo enfrentado diversos problemas de saúde após ter passado por um episódio de violência urbana, Yuka nunca adotou um discurso vingativo. Pelo contrário, foi um artista amplamente reconhecido por defender os direitos humanos.

Encontro com a FASE

Em 1999, “O Rappa” foi capa da Revista Proposta¹. A publicação informava aos leitores e às leitoras que a banda doaria uma porcentagem das vendas de “Lado B, Lado A” para a FASE. O encarte do álbum, considerado por críticos de música um dos mais importantes do rock nacional, trazia uma ficha com informações sobre o trabalho da nossa organização. O CD, o terceiro do grupo, também foi eleito pela Rolling Stone Brasil como um dos 100 melhores discos da música brasileira.

A obra inspirou a FASE a criar o “Fundo Palma da Mão”, gerido à época pelo Fundo SAAP. A iniciativa tinha como um dos objetivos fortalecer o protagonismo das juventudes. O Fundo feito por “jovens para jovens” tem o mesmo nome de uma das faixas do álbum, que mostra as desigualdades políticas e sociais do Brasil e traz uma musicalidade atraente e discursos até hoje muito atuais. A FASE se sente grata por ter vivido esse encontro com Yuka, um artista que sempre soube  misturar bem poesia e política.

[1] Revista institucional da FASE há mais de 40 anos.