07/06/2016 15:33

Rosilene Miliotti¹

No domingo (6), o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi inaugurado no Rio de Janeiro. A Praça Mauá, também conhecida como Praça dos Museus, foi palco do evento que contou com malabaristas, pernas de pau, escola de samba e um protesto contra a obra e todas as arbitrariedades que a Prefeitura e o Governo de Estado vem fazendo na cidade em nome dos Jogos Olímpicos.

Giselle produzindo cartazes para a manifestação. Foto: Rosilene Miliotti / FASE

Giselle produzindo cartazes para a manifestação. Foto: Rosilene Miliotti / FASE

Articulada pela campanha Jogos da Exclusão, da qual a FASE faz parte, vários coletivos e movimentos participaram da manifestação para denunciar o golpe no país e marcar que faltam dois meses para a abertura dos Jogos Olímpicos, os Jogos da Exclusão. Giselle Tanaka, do Comitê Popular da Copa e Olimpíada do Rio de Janeiro, explica que chamar de Jogos da Exclusão é lembrar dos bilhões de reais investidos em obras e ações que não são prioritárias para a população. “A quantidade de pessoas que o VLT vai transportar é muito pequena e cobre um trajeto muito curto. Enquanto isso, a maior parte da população conta com o transporte público caro e precário. Fica nítida a inversão de prioridades nessas Olimpíadas”, adverte.

Giselle ressalta que foi gerada uma grande expectativa com a promessa do legado Olímpico, mas que “se transformou em uma grande mentira”. “Não vemos legado social nenhum na cidade, ao contrário, mais de 60 mil pessoas foram removidas de suas casas, além da violência das ocupações policiais das favelas cariocas. Mais de 2.500 foram mortas em decorrência de ações policiais desde que anunciaram o Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos”, relata. Para ela, as ações tem o objetivo de amedrontar e conter os moradores de espaços populares. “No Pan-Americano, em 2007, tivemos uma chacina no Complexo do Alemão. Em 2013, durante a Copa das Confederações, houve a a chacina da Maré. E agora estamos receosos e denunciando para que outra chacina não aconteça nas Olimpíadas”, lembra.

Vale ressaltar que o mês de abril deste ano foi marcado por diversas mortes em diferentes favelas do Rio de Janeiro. A Policia Militar causou a morte de pelo menos 15 pessoas nas favelas de Acari, Jacarezinho, Mangueira, Turano, Complexo do Alemão e nos morros da Coroa, São João e Macacos.

Manifestantes durante a inauguração do VLT. Foto: Rosilene Miliotti / FASE

Manifestantes durante a inauguração do VLT. Foto: Rosilene Miliotti / FASE

Parou 24h depois

Cerca de 24h após a inauguração, o VLT – que nas primeiras semanas irá operar em regime especial, apenas das 12h às 15h e sem cobrança de passagem – apresentou uma falha de energia e a composição parou. A primeira informação era de descarrilhamento, o que não foi confirmado pela prefeitura. Entretanto, vale ressaltar que cidade olímpica vem batendo recorde de violações de direitos e desrespeito com o dinheiro público. A construção do VLT custou cerca de R$ 1,2 bilhão e foi executada por um grupo de empresas do qual faz parte a Odebrecht.

Há dois meses, ainda na fase de testes, também houve problemas de falta de energia. O trem precisou ser desligado e aguardar 15 minutos até retomar a viagem. O percurso (Praça Mauá – Aeroporto Santos Dumont) dura em média 25 minutos.

[1] Jornalista da FASE.