21/03/2017 17:01
Notícias sobre racionamento de água já foram manchetes em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e em outras regiões do Brasil. Diferentes estudos da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e da Brown University (publicada na revista científica Global Change Biology, em 2016) apontam que o desmatamento no Cerrado é uma das causas para a crise. Isso porque o bioma é considerado o berço das águas, é no Cerrado onde estão localizados os três grandes aquíferos que abastecem boa parte do país: Guarani, Urucuia e Bambuí.
O Cerrado ocupa um quarto do território nacional e está localizado no coração do Brasil, abrangendo 13 estados. Apesar de sua importância para o equilíbrio ambiental, tem sido destruído nas últimas décadas para a expansão do agronegócio e de grandes empreendimentos. Mais de 50% da sua vegetação já foram desmatados.
A legislação brasileira não garante plena proteção ao Cerrado. Apenas 11% do Cerrado é coberto por reservas ou unidades de conservação, comparados com quase 50% da Amazônia. Enquanto um proprietário de terras é obrigado a proteger 80% da floresta se sua fazenda estiver na Amazônia, no Cerrado essa porcentagem cai para 35%. Em outras palavras, o desmatamento permitido, legal, é muito mais comum neste bioma.
Com o objetivo de alertar a sociedade para esse e outros impactos, 43 organizações e movimentos sociais se uniram na Campanha Nacional em Defesa do Cerrado. A iniciativa busca valorizar a biodiversidade e as culturas dos povos e comunidades do Cerrado, que lutam pela sua preservação. Tendo como mote “Sem Cerrado, sem água, sem vida”, reforça o papel central do Cerrado no abastecimento de água do país. A Campanha prevê ações ao longo dos próximos dois anos, e, além de chamar atenção para a importância do bioma, busca promover a visibilidade dos povos e comunidades tradicionais que vivem nas regiões de Cerrado, já que eles convivem historicamente de forma harmônica com o meio ambiente. As organizações envolvidas buscam também trazer para a esfera política o debate sobre a elevação do status do Cerrado para Patrimônio Nacional e exigir um acordo político para estancar seu desmatamento.
Organizações promotoras da Campanha:
Associação União das Aldeias Apinajés/PEMPXÀ – ActionAid Brasil – CNBB/Pastorais Sociais – Agência 10envolvimento – APA/TO – ANQ – AATR/BA – ABRA – APIB – CPT – CONTAG – CIMI – CUT/GO – CPP – Cáritas Brasileira – CEBI – CESE – CEDAC – Coletivo de Fundos e Fechos de Pasto do Oeste da Bahia – Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra do DF – CONAQ – FASE – FBSSAN – FETAET – FETAEMA – CONTRAF-BRASIL/FETRAF – Gwatá/UEG – IBRACE – ISPN – MJD – MIQCB – MPP – MMC – MPA – MST – MAB – MOPIC – SPM – Rede Cerrado – Redessan – Rede Social de Direitos Humanos – Rede de Agroecologia do Maranhão – TIJUPA – Via Campesina – FIAN Brasil.