06/09/2007 20:50

Matheus Ottelrloo
Coordenador FASE-Amazônia

Com 200 participantes, bastante representativos em termos de movimentos sociais, pastorais, ONG´s e academia, provenientes da região do Bico de Papagaio, o seminário interestadual PA, MA, TO – “Estado e Campesinato na Amazônia: o debate sobre o distrito florestal de Carajás” teve uma excelente organização em termos da programação e infra-estrutura.

Tanto as mesas redondas quanto as discussões em grupo proporcionaram um diagnóstico crítico e bem fundamentado da atual situação dos centenas de acampamentos e assentamentos na região, com suas fraquezas e potencialidades na perspectiva de atividade agroflorestal familiar e os impactos e ameaças a sua sobrevivência causadas pela agropecuária e pela indústria de ferro guso, com sua fome insaciável de carvão vegetal.

A FASE participou ativamente na realização deste seminário, através do lançamento do documentário Bioenergia: Vida ou Morte da Agricultura Familiar na Amazônia?, lançado na abertura do seminário e comentado pelo coordenador regional do Programa Fase Amazônia. Já o coordenador da Fase Espírito Santo proporcionou, numa mesa de discussão, o intercâmbio com a luta dos indígenas e quilombolas contra o latifúndio da empresa de Aracruz, formado pela monocultura de eucalipto, compondo o chamado DESERTO VERDE.

O seminário, além de fornecer um leque amplo de propostas de ação, produziu uma carta consensual em nome de todos e todas participantes considerando as atuais propostas do Governo em termos de distrito florestal Carajás, um distrito pseudoflorestal, já que se entende na Amazônia a floresta como uma composição biodiversificada e não o monocultivo industrial.

Neste sentido se lançou uma contraproposta visando o reflorestamento nas áreas alteradas e o reforço da atividade agroflorestal nos acampamentos e assentamentos, a partir dos princípios da agroecologia e biodiversidade formando um real distrito florestal no sentido Amazônico.

A composição diversificada da coordenação do seminário e o consenso estabelecido alimentam a esperança que se criou de um novo ponto de partida para o avanço da luta popular na região, tendo ainda a possibilidade de reforçá-lo na conferência do Fórum da Amazônia Oriental – FAOR, a ser realizada em Palmas-TO, em dezembro deste ano e na dinâmica do Fórum Social Mundial, tanto nas mobilizações de 2008 quanto no evento mundial, a ser realizado em janeiro de 2009, em Belém do Pará.

Leia aqui a Carta Aberta dos participantes do Seminário Estado e Campesinato na Amazônia: o debate sobre o distrito florestal de Carajás.