27/09/2021 18:07
Fran Paula¹
Os dias de setembro iniciam com a promessa da tão esperada chuva do Caju para os matogrossenses, sabemos que o fenômeno marcará o final de um longo período de seca e anunciará o período das chuvas. Chuva que tem até nome – Chuva do Caju ou Chuva da Manga, mas o que sabemos é que a chuva dará a possibilidade de reprodução há uma diversidade de alimentos.
A espera da chuva se torna assunto recorrente nas conversas diárias da população, que aguarda ansiosa a sua chegada. Enquanto o cajueiro segue resiliente segurando suas flores, após meses de altas temperaturas (40 º C) e baixa umidade dor ar.
E quando a chuva não vem? A escassez das águas são fatos perceptíveis pela população que observa com preocupação as mudança do tempo.
Meus pais dizem que antigamente a chuva do Caju chegava na hora certa! Sempre no final de agosto. Em setembro já tínhamos frutas para colher, mas agora está tudo diferente, já não sabemos quando ela vem e se ela virá no tempo certo.
Minha mãe uma excelente benzedora de raios e trovões, e grande observadora do céu sempre sabe quando vai ou não chover. Mas pelo jeito não é só ela que anda de olho nas águas.
Cientistas ao analisarem imagens de satélite de todo o território nacional entre 1985 e 2020, indicam uma tendência de perda de superfície de água em todas as regiões hidrográficas, em todos os biomas do País.
O estado com a maior perda absoluta e proporcional de superfície de água na série histórica analisada foi o Mato Grosso do Sul, com uma redução de 57%. Se em 1985 o estado tinha mais de 1,3 milhão de hectares cobertos por água, em 2020 eram apenas pouco mais de 589 mil hectares. Essa redução se deu basicamente no Pantanal, mas toda a bacia do Paraguai perdeu superfície de água. Em segundo lugar está o Mato Grosso, com uma perda de quase 530 mil hectares de cobertura de água[2].
Em Cáceres – MT, o Rio Paraguai principal afluente da Bacia do Pantanal em agosto desse ano atingiu o nível de 54 cm, quando o esperado era de 1,73 metro. Já em Poconé, o Rio Bento Gomes que abastece a cidade e várias comunidades ribeirinhas e quilombolas na região pantaneira está praticamente seco. Atingindo esse ano a marca de pouco mais de 1,5 metro, sendo que o ideal seria mais de 3 metros.
O Pantanal, a maior planície alagada do planeta corre o risco de desaparecer! Vivemos a pior seca dos últimos cinquenta anos. É um anuncio de morte para o bioma que sobrevive da dinâmica das águas.