08/09/2021 20:51
Alcindo Batista¹
Já está no ar a edição de 2020 do anuário “Conflitos da Mineração no Brasil’‘, do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração no Brasil. O objetivo é levantar os principais conflitos no setor de mineração do Brasil e monitorar violações cometidas tanto no espaço urbano quanto rural. O relatório denuncia que a Amazônia foi o segundo bioma com maior número de ataques no ano da pandemia. Cerca de 1 milhão de pessoas (1.088.012) estiveram envolvidas nesses crimes em todo o país.
O documento também aponta que a Vale (incluindo sua subsidiária, a Samarco) é a empresa que mais concentra conflitos, sendo responsáveis por 38,9% deles, atingindo principalmente pequenos agricultores e os próprios trabalhadores — muitos deles não sobreviveram para contar suas histórias. As disputas também mobilizaram os povos indígenas: ao menos 112.718 deles estiveram envolvidos em conflitos, a maioria (58,7%) com garimpeiros.
Os dados mais brutos dessa investigação estão disponíveis na plataforma conflitosdamineracao.org, onde é possível visualizar individualmente as localidades envolvidas cada confronto.
Sobre a criação do Mapa dos Conflitos da Mineração
O Comitê Nacional em Defesa dos Território Frente à Mineração, no âmbito do Observatório dos Conflitos da Mineração no Brasil, tem o Mapa dos Conflitos como uma de suas iniciativas de denúncia do modelo mineral brasileiro, sobretudo no contexto atual de desregulamentação das políticas ambientais, de proposta de abertura de novas áreas para mineração e de incentivo ao garimpo de forma institucionalizada. As consequências são a aceleração do problema mineral e a fragilidade da fiscalização e do licenciamento ambiental, gerando conflitos e desastres, como os do Rio Paraopeba (Vale/Rio Paraopeba), do Rio Doce (Samarco/Vale/BHP) e de Maceió (Braskem), que ganharam visibilidade frente aos danos produzidos e às resistências encontradas.
[1] Estagiário, sob supervisão de Cláudio Nogueira