14/12/2006 13:14
Gloria Regina Amaral
Segundo nota divulgada pela Rede Alerta Contra o Deserto Verde, terminou ontem (13/12) à noite a ocupação do porto da empresa Aracruz Celulose tanto pelos trabalhadores da empresa Plantar, como pelos índios Tupinikim e Guarani, em Aracruz, Espírito Santo.
Os trabalhadores da Empresa Plantar, que haviam invadido o local para expulsar os índios do porto teriam deixado o local ontem no final da tarde, depois que um diretor da empresa Aracruz Celulose compareceu ao local de conflito. No entanto, a invasão de cerca de mil trabalhadores no local onde os índios estavam acampando significou um acirramento da disputa. De acordo com a Rede Alerta houve mesmo agressão física a diversas pessoas, inclusive contra o deputado estadual Cláudio Vereza, reconhecido defensor dos direitos humanos no estado.
Os índios, entretanto, só desocuparam a área do porto voluntariamente depois de uma reunião com representantes da Funai, no início da noite de ontem, quando aceitaram a proposta de uma audiência em Brasília, na próxima semana, com o Ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, que “não se pronunciou em nenhum momento sobre a emissão da portaria de demarcação das terras Tupinikim/Guarani”.
A Rede informou ainda que cerca de 60 estudantes, mobilizados pelo DCE e pela Brigada Indígena ocuparam por algum tempo,na tarde de ontem, dia 13, o Palácio do governo do Estado do Espírito Santo, em ato de solidariedade aos Tupinikim e Guarani, exigindo que o Estado se posicionasse publicamente para garantir a segurança dos indígenas e militantes no local. Na Alemanha e na Noruega grupos de apoio da luta indígena entregaram petições em apoio à demarcação das Terras Tupinikim e Guarani às embaixadas do Brasil nesses países.
O Conselho Indigenista Missionário, CIMI, também lançou uma nota de apoio aos povos Tupinikim e Guarani na qual diz acompanhar com apreensão o desenrolar da situação temendo conseqüências fatais e sugerindo que o Ministro Tomás Bastos resolva a situação “cumprindo seu compromisso e publicando a Portaria Declaratória da terra”.
O que acontece? Na manhã do dia 12 de dezembro, cerca de 200 índios Tupinikim e Guarani, do município de Aracruz, no Espírito Santo, ocuparam o porto da empresa Aracruz Celulose. O objetivo é pressionar o governo brasileiro para que demarque, de uma vez por todas, as terras tradicionais desses povos. São 11.009 hectares de terras que hoje são exploradas pela empresa Aracruz Celulose. O processo das terras Tupinikim/Guarani encontra-se no Ministério da Justiça, desde setembro deste ano, com o parecer da FUNAI favorável à demarcação. Saiba mais sobre esta ocupação do porto clicando aqui.