22/10/2021 15:29

Construir uma memória coletiva do povo preto e pobre é estruturar um processo de reparação simbólica e de justiça racial, ainda mais com aqueles que moram nas regiões periféricas desse país. Foi pensando nisso que a Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), coletivo que trabalha contra à violência do Estado no Rio de Janeiro, mais precisamente na Baixada Fluminense, criou o memorial “Baixada Resiste”. O intuito é eternizar em murais grafitados personagens que moram na região e que atuam em prol de um amanhã melhor. Entre os oito homenageados, está Aercio Barbosa Oliveira, coordenador do programa da FASE no Rio de Janeiro. 

A atividade foi realizada em setembro na Via Light, em Nova Iguaçu, dentro da série “Memoriais do presente”, com pessoas que promoveram e promovem ações de resistência na região. Fransergio Goulart, coordenador do IDMRJ, conta que Aercio foi escolhido “por ser morador da baixada, pelo trabalho desde o tempo de sindicalista, desde a TV Maxambomba, o processo de formação com jovens, e de quando a FASE tinha um núcleo na região. Até hoje ele é um desses lutadores”.

Na FASE desde 2003, Aercio começou a sua militância ainda na adolescência, em 1978, sempre com objetivo de combater as injustiças sociais. Teve passagem por diversos espaços, dentre eles associações de moradores, o movimento sindical (onde atuou como dirigente), assessoria parlamentar e o Partido dos Trabalhadores (PT). Também foi diretor da Associação Brasileira de Vídeo Popular (ABVP), onde conheceu a FASE, que na época tinha um núcleo de produções audiovisuais próprio e era ligada à essa instituição.

Assim, no auge dos seus 43 anos de trajetória política e 56 de vida, Aercio se emociona com a homenagem. “Esse reconhecimento do meu empenho e dos que me ajudaram até aqui, dá uma energizada pra seguir com essa pegada, tendo uma posição política em defesa dos direitos humanos e contra as injustiças sociais”, pontua. 

Também foram lembradas personalidades como Silvana Azevedo, irmã de uma das vítimas da chacina da Baixada, em 2005; Luiz Bruno, historiador, e ativista do movimento negro na Baixada; Soraya d’Odé, Mãe de Santo do Ilé Àse Omode Tìtán; Mãe Meninazinha de Oxum, à frente do Ilé Omolu Oxum; Janaína Oliveira, cineasta reconhecida por filmes importantes como “Joãosinho da Goméa: o rei do Candomblé” e “Nossos Corpos são Nossos Livros”; Otair Fernandes, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Dudu de Morro Agudo, rapper e ativista cultural.