13/06/2022 12:24
Reunir as ações, impactos e aprendizados dos últimos 10 anos em um livro foi um desafio que a FASE encarou com seriedade. Afinal, em seis décadas de atuação, ela se provou uma organização em permanente construção e reconstrução. “O estudo é mais que uma avaliação que rastreia impactos do trabalho da FASE na última década. Compartilhamos conexões entre passado e presente, entre como ‘somos vistos’ e ‘como nos vemos’ em uma espiada de 10 anos, recortada por roteiro próprio em seis grandes temas de nossas opções político-metodológicas, na intimidade de muitas territorialidades e vivências coletivas”, conta Evanildo Barbosa, diretor adjunto da FASE.
A partir de um convite à abstração e à contação de histórias reais de educação popular da ação da FASE, de territórios, pessoas e organizações reais, educadores e educadoras da instituição se reuniram e mergulharam nas memórias, documentos e afetos. “Cada um a seu modo e em contextos próprios, os grupos foram revelando releituras e sínteses do trabalho coletivo, de aprendizagens recíprocas, quase sempre perguntando ‘por que ainda não elaboramos nossa própria noção de impactos?’”, questiona Evanildo.
Caminhar juntos
A trajetória das organizações da sociedade civil tem sido contada pela ótica da construção e reconstrução, marcada por um caminho de resiliência apesar dos insistentes contextos de retrocessos que se impõem. “Na ação coletiva dessas organizações há muita solidariedade. A FASE é uma organização de ação direta e insiste em existir desde os territórios de lutas”, analisa Letícia Tura, diretora executiva da FASE.
Ao mesmo tempo que é atua e fortalece redes, a FASE se constitui como ator próprio realizando incidência em políticas públicas, como está descrito em vários dos casos estudados na publicação. Segundo Letícia, a organização busca adaptar metodologias em situações de visível vulnerabilidade tanto sobre o contexto, quanto sobre seus públicos e parceiros historicamente invisibilizados. “Esse cuidado se torna mais real especialmente em situações de criminalização e ou violência contra movimentos sociais, grupos, segmentos sociais de baixa conexão com redes e fóruns, ou mesmo contra lideranças populares. Nos colocamos presente em áreas de menor interesse das agendas políticas mais tradicionais, razão pela qual apoiamos o desenvolvimento de organizações populares, coletivos, dentre outros”.
“A Avaliação dos Impactos dos 10 anos é um compartilhamento de estudos concretos e dos impactos. É também uma semente que se lança na direção de nossa própria autoidentificação. Esperamos também poder contribuir para as reflexões acerca da construção e reconstrução da sociedade civil brasileira dos próximos anos”, conclui Evanildo.