Paula Schitine
22/08/2023 15:35
O Equador definiu em uma consulta histórica o fim da exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuní, considerado o “coração” da Amazônia Equatoriana. Este referendo é o resultado de um árduo processo de mais de duas décadas de trabalho da sociedade equatoriana que entende que a verdadeira riqueza deste país se encontra na sua biodiversidade e não no petróleo e na indústria destrutiva que o extrai.
Com mais de 98% dos votos apurados, segundo o Conselho Nacional Eleitoral: a população disse sim a manter o petróleo no siubsolo do Parque de Yasuní com 58,99% do total de 5.243.703 pessoas contra 41,01% a favor da exploração petrolífera que somou 3.645.334 pessoas. A pergunta que eles responderam foi: “Você concorda que o governo equatoriano mantenha o petróleo ITT, conhecido como bloco 43, indefinidamente no solo?”
O coordenador adjunto da FASE Amazônia, João Gomes, viajou para Quito, juntamente com outras organizações internacionais de proteção ambiental, e descreveu a vitória como “espetacular contra a indústria petrolífera, contra a contaminação, a poluição, a perda de territórios por povos tradicionais. É realmente fantástico, uma contribuição planetária na luta contra as mudanças climáticas”, assegura.
Sobre a possível exploração de petróleo na Amazônia, a representante da ONG Ação Ecológica do Equador, Esperanza Martinez, disse que “essa é apenas uma batalha vencida pela Amazônia, e faz parte da mesma luta que nós sabemos que vocês travam aí também no Brasil”, resumiu.
Nesta terça-feira, a missão internacional integrada por organizações latino-americanas e do norte e sul globais lançaram um manifesto elogiando o povo e a luta dos equatorianos e reafirmando o compromisso pela continuidade da luta pela defesa da Amazônia em outros territórios.
“Nosso compromisso é garantir o cumprimento dos direitos econômicos, sociais e culturais dos povos que cocriaram a biodiversidade da selva, bem como o respeito à vida dos animais, plantas, microorganismos e guardiões espirituais que a habitam”.
Leia aqui o manifesto na íntegra.
*Comunicadora da FASE