Marina Malheiro
02/02/2024 14:39
Em sua missão de informar e mobilizar as comunidades locais, o Jornal Aldeia, criado pela FASE Amazônia, se destaca por abordar temas essenciais para os territórios amazônicos. A nova edição, pautada pela metodologia de denúncias e anúncios, revela os desafios e resistências enfrentados pelas comunidades tradicionais daquela região.
“O jornal traz à tona denúncias impactantes, destacando a preocupante onda de grandes projetos na Amazônia. E cita como exemplo investimentos internacionais e a reedição do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), apontados como catalisadores de violações de direitos e expropriação territorial, sem a devida consulta prévia”, exemplifica Sara Pereira, coordenadora da FASE Amazônia.
Outro tema crítico abordado na publicação é o monocultivo do dendê no nordeste, apontando para a privatização do uso da terra e suas consequências nefastas para a agricultura familiar. A prática, ao privilegiar commodities em detrimento da produção agroecológica, impacta diretamente a segurança alimentar das comunidades.
A questão do “Mercado Verde” também foi discutida na edição, destacando os riscos associados ao avanço do mercado de carbono nas comunidades e os perigos do processo de financeirização na natureza, que, embora possa seduzir, cria ameaças à reprodução dos modos de vida locais.
A Romaria do Bem-Viver, promovida pela juventude do PAE Lago Grande, em Santarém, no Pará, também foi mencionada, ressaltando a importância da defesa das águas. A participação ativa da juventude nesses eventos revela o protagonismo e a articulação política em prol dos territórios.
“A II Romaria do Bem Viver mostrou a importância da proteção das águas e da preservação do Rio Arapiuns. Ricardo Aires, jovem da região do Arapixuna e integrante dos Guardiões do Bem Viver, destaca que o rio é fundamental para a garantia dos modos de vida das populações que o habitam.” afirma a autora do texto, Sara Pereira
“Somos ribeirinhos, estamos localizados nas comunidades tradicionais, aldeias indígenas que estão sempre à margem de um igarapé, do rio. E hoje, com a devastação, o desmatamento, as mudanças climáticas, nós somos muito impactados, nossos rios estão contaminados” alerta a liderança jovem.” conclui, Ricardo Aires, em depoimento de um dos artigos, integrante do grupo Guardiões do Bem-Viver.
Emergência Climática
A edição aborda ainda a emergência climática, ressaltando que a seca extrema não é um processo natural, mas sim uma consequência do aquecimento global, e lança luz sobre a urgência de ações efetivas.
Em trecho do texto de Élida Galvão, comunicadora do Fundo Dema, a respeito de emergências climáticas, e os impactos que causam nos territórios, ela faz um apelo. “Em tempos de emergência climática, os impactos ambientais são literalmente sentidos na pele por todos e todas. Na Amazônia, o calor demasiado e a falta de chuva, tem provocado um desequilíbrio climático perverso, impactando os meios de subsistência e os modos de vida das populações tradicionais “
Alguns ribeirinhos relatam as dificuldades enfrentadas diariamente.“Essa é uma realidade que Amarildo Fernandes, 56, conhece muito bem. Morador da comunidade pesqueira Tapará Miri, localizada no Projeto de Assentamento PAE Tapará, no território do Baixo Amazonas (PA), o pescador, ribeirinho, agroextrativista, como ele mesmo se identifica, relata que a seca afetou a atividade pesqueira e o que conseguem pescar vira meio de subsistência.”
Conheça esses e outros relatos impactantes na nova edição Jornal Aldeia, disponível aqui!
*Estagiária da Comunicação, sob supervisão de Paula Schitine